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Oposição inicia 'batalha final' na Tailândia; governo reforça policiamento

O movimento opositor é apoiado pela elite ligada ao palácio real, que considera o "clã Shinawatra" como uma ameaça para a monarquia

Bangcoc - Milhares de manifestantes tailandeses iniciaram nesta sexta-feira (9/5) a "batalha final" contra o governo, um confronto que deixou alguns feridos durante um ataque frustrado contra um prédio da polícia. Durante o incidente no Clube da Polícia, cinco pessoas ficaram feridas, segundo o centro de emergências.

O secretário de Segurança do governo interino, Paradorn Pattanatabut, confirmou quatro feridos. Ele disse que as forças de segurança utilizaram jatos de água e gás lacrimogêneo. Outros manifestantes atacaram as emissoras de televisão. Alguns conseguiram entrar nas instalações do novo canal público, mas sem prejudicar as transmissões.



O Tribunal Constitucional, acusado pelo grupo de integrar "uma coalizão de elites" monárquicas contra o governo, destituiu na quarta-feira a contestada primeira-ministra Yingluck Shinawatra por abuso de poder. Além disso, uma comissão anticorrupção a declarou culpada na quinta-feira de negligência por um controverso programa de subsídios aos setor do cultivo de arroz. No entanto, um governo provisório, com quase 20 ministros que "sobreviveram" à destituição de Shinawatra, permanece no poder, apesar de muito fragilizado.

O "golpe de Estado judicial" contra o Executivo, aguardado há várias semanas, é parcial, mas os manifestantes querem aproveitar ao máximo o momento de fragilidade do governo interino. O movimento opositor é apoiado pela elite ligada ao palácio real, que considera o "clã Shinawatra", que venceu quase todas as eleições desde 2001, como uma ameaça para a monarquia, quando o rei Bhumibol Adulyadej tem 86 anos.

Os manifestantes querem a instalação de um "Conselho do Povo" não eleito, com o objetivo de acabar com a influência de Thaksin Shinawatra, que foi destituído por um golpe de Estado em 2006. Shinawatra, no exílio, era acusado de dirigir o governo da irmã. Desde o golpe contra Thaksin, o país vive em crise permanente e o ex-premier é considerado o grande fator de divisão na Tailândia.