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União Europeia realiza eleições, ameaçadas por avalanche antieuropeia

Cerca de 400 milhões de eleitores europeus votarão em duas semanas para eleger os membros do Parlamento Europeu

Agência France-Presse
postado em 11/05/2014 11:00
Bruxelas - Cerca de 400 milhões de eleitores europeus votarão em duas semanas para eleger os membros do Parlamento Europeu em eleições sobre as quais paira a ameaça de uma avalanche de partidos antieuropeus. Estas eleições darão o pontapé inicial para a mudança das outras duas instituições mais importantes da União Europeia, o Conselho e a Comissão.

[SAIBAMAIS]Todas as pesquisas de intenção de voto coincidem em suas previsões. Na noite de 25 de maio, os diferentes partidos de extrema-direita ou antieuropeus somarão entre 100 e 200 eurodeputados, dos 751 que a Câmara contará. Vários destes legisladores poderão inclusive constituir uma bancada no hemiciclo ao redor da Frente Nacional francesa e do Partido pela Liberdade holandês (PVV), duas formações que podem chegar em primeiro lugar em seus respectivos países, assim como os eurofóbicos britânicos do UKIP.

No entanto, além da extrema-direita, os mais críticos são os que sairão ganhando, como o partido antieuro alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), os populistas de Beppe Grillo na Itália ou a esquerda radical do Syriza na Grécia. As pesquisas também preveem uma nova queda da participação, que há cinco anos alcançou um mínimo histórico de 43%.

Este "aumento do populismo" é explicado pela "ausência de resposta política satisfatória" à globalização, após anos de crises, austeridade e desemprego, estima Jean-Dominique Giuliani, presidente da Fundação Robert Schuman. Soma-se a isso a fragmentação das eleições em 28 eleições nacionais "de segundo escalão que oferecem a chance de punir" os diferentes governos.

Um voto de protesto

"É ao mesmo tempo um voto de protesto, contra as elites, contra a Europa", estima Nathalie Brack, do Centro de Estudos da Vida Política da Universidade Livre de Bruxelas. "Haverá um arco-íris de eurocéticos de cores variadas no próximo Parlamento", afirma o líder do UKIP, Nigel Farage. "Haverá muito barulho", acrescenta.

Contra eles os europeístas, principalmente a direita e a esquerda, deverão mais do que nunca trabalhar juntos para evitar que os antieuropeus bloqueiem os trabalhos, agindo como as grandes coalizões que se multiplicaram nos diferentes países membros da União Europeia nos últimos anos, da Alemanha à Grécia, passando por Itália e Bélgica, afirma o centro de reflexão Stratfor.

Na última pesquisa do PoolWatch, que compila dezenas de pesquisas nacionais, o PPE (Partido Popular Europeu, conservadores), no poder na maioria dos países europeus, perderia 60 assentos, mas conservaria um leve avanço sobre os socialistas, com 216 eurodeputados contra 205. Os liberais, que perderiam espaço, conservariam a posição de terceira força política do Parlamento com 60 assentos, na frente da esquerda radical e atrás dos Verdes.

Uma Comissão mais "social"

Os novos eurodeputados deverão entrar de acordo rapidamente sobre o próximo presidente da Comissão Europeia, figura central das instituições comunitárias e órgão executivo que tem o quase monopólio da iniciativa legislativa. Embora o presidente da Comissão seja designado pelos Estados membros, eles devem levar em conta os resultados das eleições no Parlamento. Os eurodeputados deverão, por sua vez, ratificá-lo por maioria simples, ou seja, ao menos 376 votos.

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Em uma tentativa de democratizar o processo de seleção, desta vez os principais partidos europeus apresentam um candidato, que já foi designado pelas formações em fim de mandato. "A diferença entre o Parlamento e os que decidem realmente é muito clara para os cidadãos", disse recentemente o presidente do Conselho Europeu (que representa os 28 países do bloco), Herman Van Rompuy, refletindo assim a opinião de muitos líderes europeus que buscam conservar, sem compartilhar, esta prerrogativa.

De fato, os presidentes dos membros do bloco se reunirão em Bruxelas em 27 de maio, dois dias após as eleições. Depois de 10 anos de uma Comissão presidida pelo português de centro-direita José Manuel Durão Barroso, acusado por uns de não ter se imposto diante dos Estados membros, por outros de não ter ambição, ou ainda de ser responsável por todos os males da Europa, principalmente a austeridade, todos querem virar a página. Desejam que a próxima Comissão tenha um perfil mais social, mais ativo e mais político.

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