Agência France-Presse
postado em 11/05/2014 13:42
Morelia - As autoridades mexicanas começaram no sábado a entregar uniformes azuis e armas a milicianos do estado de Michoacán (oeste), com o objetivo de legalizar este movimento formado no ano passado para combater o narcotráfico. Camponeses formaram filas em uma fazenda para receber o uniforme da nova Polícia Estatal Força Rural de Tepalcatepec, um dos primeiros povoados a ver o surgimento das chamadas autodefesas do estado agrícola de Michoacán.[SAIBAMAIS]Estas unidades também fizeram sua estreia no povoado vizinho de Buenavista, que se rebelou em fevereiro de 2013 contra o culto aos Cavaleiros Templários, uma organização criminosa que era protegida pela polícia local, agora desaparecida. "Não vamos andar como ilegais", declarou depois de colocar o uniforme Estanislao Beltrán, um homem com uma longa barba branca apelidado de "Papá Pitufo" e porta-voz das autodefesas. Com isso "somos parte do governo", acrescentou.
Cerca de 100 novos policiais rurais cantaram o hino nacional em uma cerimônia de juramento na praça do povo. O governo informou posteriormente em um comunicado que 450 pessoas prestaram juramento. Agora "têm a responsabilidade de defender seus irmãos, suas famílias, seus vizinhos e todos aqueles que possam ser prejudicados pelo crime comum e organizado", declarou Alfredo Castillo, comissário especial para a Segurança em Michoacán.
O governo federal, que tolerou os milicianos, advertiu que qualquer pessoa que portar armas ilegalmente depois do prazo limite de sábado será detida. Depois que as autoridades detiveram ou abateram três das quatro principais cabeças dos Cavaleiros Templários, os milicianos assinaram no mês passado um acordo para registrar e guardar suas armas ou se unir à força rural.
Momento de orgulho
Embora as milícias cheguem a este momento em meio a divisões entre seus líderes, mais de 3.300 de um número estimado de 20.000 autodefesas pediram para se unir à polícia rural, segundo autoridades. Apesar de o prazo para se unir à força rural ter expirado no sábado, Castillo declarou que eles terão mais alguns dias para se incorporar, diante de uma demanda inesperada.
Leia mais notícias em Mundo
"Para mim é um orgulho vestir este uniforme", declarou Arturo Barragán, de 35 anos, ex-autodefesa e agora policial rural. O crescimento registrado do movimento formado pelas autodefesas, que se estendeu a trinta povoados, havia despertado temores sobre sua possível transformação em uma perigosa força militar.
A violência em Michoacán se converteu em um dos principais desafios para o presidente Enrique Peña Nieto, que mobilizou milhares de tropas nesta região para restaurar a ordem no ano passado e designou Castillo como seu enviado de segurança especial neste ano.