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Oceano Antártico sofre com ventos mais fortes dos últimos mil anos

"O fortalecimento desses ventos foi particularmente claro nos últimos 70 anos e, combinando nossas observações com os modelos climáticos, podemos vincular claramente o fenômeno ao aumento dos gases de efeito estufa", diz co-autora do estudo publicado na revista Nature Climate Change

Agência France-Presse
postado em 12/05/2014 16:27
Sydney - Os ventos que estão varrendo o Oceano Antártico são os mais fortes do último milênio, alimentados pelas mudanças climáticas e pelas taxas crescentes de dióxido de carbono na atmosfera, revelaram cientistas nesta segunda-feira.

Os ventos do Oceano Antártico, que aterrorizaram gerações de marinheiros, estão "mais fortes hoje do que nunca nos últimos mil anos", afirma o estudo da Australian National University (ANU). "O fortalecimento desses ventos foi particularmente claro nos últimos 70 anos e, combinando nossas observações com os modelos climáticos, podemos vincular claramente o fenômeno ao aumento dos gases de efeito estufa", afirma Nerilie Abram, co-autora do estudo publicado na revista Nature Climate Change.


Os ventos do oeste, que evitam a costa oriental da Antártica circundando-a, levam mais ar frio à medida que se intensificam, privando a Austrália - que enfrenta um aumento constante das temperaturas, com secas e incêndios - de preciosas chuvas. "A Antártica desafia a tendência. Todos os continentes esquentam e o Ártico é onde isso acontece mais rápido", alerta a cientista.

Para chegar as suas conclusões, os pesquisadores extraíram amostras de gelo na Antártica, analisaram o crescimento de árvores na América do Sul e a evolução das águas dos lagos neste continente. Os dados foram analisados pelo supercomputador Raijin da ANU.

A evolução climática é, no entanto, contrastada na Antártica, fruto da influência complexa entre os ventos e as correntes. Enquanto o centro da Antártica continua sendo frio, os ventos do oeste esquentam a península a um ritmo preocupante, transformando o ecossistema local com, por exemplo, uma forte diminuição das populações de pinguins-de-adélia.

A atividade humana é essencialmente responsável por estas mudanças, explica steven Phipps, da Universidade de Nova Gales do Sul. A partir dos anos 1970, a situação foi agravada pelo aumento do buraco da camada de ozônio devido aos clorofluorcarbonos (CFC) utilizados na indústria.

"Inclusive na hipótese de um cenário (de impacto climático) médio, a tendência continuará no século XXI", adverte Steven Phipps.

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