Agência France-Presse
postado em 13/05/2014 09:39
Kiev - A Rússia acusou nesta terça-feira (13/5) o governo da Ucrânia de rejeitar uma negociação com os separatistas pró-Moscou do leste do país e pediu aos países ocidentais que pressionem para que a questão das regiões tenha uma solução antes da eleição presidencial de 25 de maio.[FOTO1]"A recusa das autoridades de Kiev a um diálogo real com os representantes das regiões, especialmente do sul e leste do país, constitui um obstáculo sério no caminho da desescalada", afirma o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado. A nota pede a europeus e americanos que pressionem Kiev para que as questões constitucionais sejam solucionadas "antes da eleição prevista para 25 de maio". O anúncio russo coincidiu com a visita a Kiev do ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, que apoiou um "diálogo nacional" entre o governo da Ucrânia e as regiões separatistas do leste com a mediação da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).
A Alemanha "apoia o plano do governo ucraniano para um diálogo nacional" com as regiões separatistas, declarou Steinmeier após um encontro em Kiev com o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk. "As eleições presidenciais de 25 de maio desempenharão um papel decisivo para restabelecer a paz", declarou o ministro alemão, que também tem uma reunião programada com o presidente interino Olexander Turchynov. Steinmeier não falou sobre as conversações em curso para concretizar a iniciativa da OSCE de organizar ainda esta semana em Kiev a primeira mesa redonda com todas as partes envolvidas no conflito.
O ex-diplomata alemão Wolfgang Ischinger poderia atuar como o moderador do encontro. Na segunda-feira, a OSCE anunciou que o presidente russo, Vladimir Putin, "apoiou" o mapa do caminho apresentado, após uma conversa por telefone com o presidente da organização, o suíço Didier Burkhalter. O Kremlin confirmou em um comunicado o apoio da OSCE para estabelecer um "diálogo direto entre as autoridades de Kiev e os representantes das regiões do sudeste da Ucrânia".
Mas o presidente ucraniano anunciou nesta terça-feira a continuidade da operação militar no leste do país. Durante a noite de segunda-feira, novos combates foram registados em Slaviansk, reduto dos rebeldes na região de Donetsk. O papa Francisco enviou uma mensagem a Turchynov na qual afirma que "reza pela paz na Ucrânia". Os esforços diplomáticos da OSCE e dos países europeus acontecem um dia depois do pedido das autoridades da cidade de Donetsk para que o Kremlin examine a integração da área à Federação da Rússia.
Os separatistas de Donetsk e Lugansk saíram fortalecidos dos referendos de domingo, que registraram um grande apoio à secessão. Mas tanto Kiev, como a União Europeia e os Estados Unidos denunciaram a "ilegalidade" dos referendos. Moscou não respondeu até o momento ao pedido de adesão dos separatistas de Donetsk, que recorda a situação da península da Crimeia, anexada no intervalo de três semanas. Mas o governo da Rússia pediu o respeito à "expressão da vontade dos cidadão da regiões de Donetsk e Lugansk", uma posição diametralmente oposta a das capitais ocidentais.