[SAIBAMAIS]Além da pena de prisão, o tribunal de Tel Aviv condenou Olmert a pagar uma multa de um milhão de shekels (210.000 euros, 288.000 dólares) por ter recebido subornos no âmbito de uma operação imobiliária quando era prefeito da cidade sagrada. "Um funcionário público que aceita subornos é comparável a um traidor", declarou o juiz David Rosen. "Desempenhava o cargo mais central e importante, e acabou condenado pelos crimes mais abjetos", acrescentou.
A sentença do tribunal põe fim a dois anos de procedimento judicial, no qual 16 pessoas são julgadas no total. No dia 31 de março, o ex-primeiro-ministro, de 68 anos, também foi considerado culpado de prestar falso testemunho por ter tentado manchar a reputação da principal testemunha da acusação. Depois de ouvir a sentença, Olmert continuou alegando sua inocência e reiterou que nunca tinha aceitado subornos. Os advogados anunciaram que vão apelar da decisão.
O juiz Rosen disse que a condenação de prisão para Olmert, que compareceu diante do juiz com camisa branca e calça caqui, vai se tornar efetiva no dia 1; de setembro. Em 2012, o ex-chefe de governo, envolvido em vários casos de corrupção, já havia sido condenado a uma pena de prisão condicional por abuso de confiança.
Jerusalém, capital dos dois Estados
Esse ex-advogado corporativo, amante da boa vida, entrou muitas vezes em conflito com a justiça, mas sempre saiu relativamente incólume. O caso "Holyland", nome de um colossal projeto imobiliário de luxo em Jerusalém que teria rendido a ele mais de 750 mil shekels (156 mil euros) em subornos, selou, no entanto, seu destino judicial e político.
Sua queda começou em julho de 2008, quando desistiu de se candidatar às eleições primárias de seu partido Kadima (centro-direita), abandonando de fato suas funções de primeiro-ministro, enfraquecido pelas acusações de corrupção.
Ehud Olmert chegou ao poder em 2006, depois que o então primeiro-ministro, Ariel Sharon, sofreu um acidente vascular encefálico. Durante seu mandato, o ex-primeiro-ministro travou uma guerra contra o movimento xiita libanês Hezbollah em julho e agosto de 2006, e lançou em dezembro de 2008 uma ofensiva contra a Faixa de Gaza para impedir o lançamento de foguetes contra Israel a partir do território palestino.
Ao mesmo tempo, esta figura da direita nacionalista, que passou a adotar posições mais moderadas, realizou intensas negociações de paz com os palestinos, embora sem êxito. Em 2008, o então chefe de governo propôs aos palestinos uma tutela internacional da Cidade Velha e dos locais sagrados de Jerusalém, revelando-se um político partidário da solução de dois Estados em suas memórias publicadas em 2011. Em memórias publicadas no mesmo ano, a ex-secretária americana de Estado Condoleeza Rice confessou sua surpresa com a proposta feita por Olmert em maio de 2008 para restituir aos palestinos 94% da Cisjordânia e compartilhar Jerusalém, que se tornaria a capital dos dois Estados.