Agência France-Presse
postado em 15/05/2014 08:02
Nova York - "Estou impaciente e, ao mesmo tempo, tenho medo. Isso traz tudo de volta", diz Charles Wolf, que perdeu a mulher nos atentados de 2001, ao se referir à inauguração, nesta quinta-feira, do Museu do 11 de Setembro. O museu ficará no local onde antes havia as Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC) de Nova York.Com três anos de atraso, polêmicas e dificuldades financeiras, o museu está finalmente concluído e será inaugurado pelo presidente Barack Obama, antes de sua abertura ao público em 21 de maio.
O edifício geométrico, de grandes janelas espelhadas e construído ao lado dos espelhos d;água do memorial do 11/9 pode parecer modesto, quase intimista, com um único andar, se comparado aos arranha-céus ao redor.
É apenas aparência. O átrio é somente uma parte visível do iceberg, que se estende por 20 metros debaixo da terra. Progressivamente, os visitantes conhecerão as entranhas das torres para uma viagem cheia de emoção, com lembranças de um dia que Nova York nunca se esquecerá.
O espaço subterrâneo impressiona. Do alto do museu de 10.210 m2, o olhar cai até um enorme trecho de um muro construído para proteger o local das inundações do rio Hudson.
Na entrada, um mapa detalha o trajeto dos quatro aviões sequestrados por terroristas suicidas. Duas dessas aeronaves se chocaram contra as torres, levando a seu desabamento.
Uma foto mostra o céu azul antes dos atentados, com vozes pelos alto-falantes que contam a emoção e o medo.
Então, a rampa desce suavemente, por etapas. Uma enorme coluna de ferro, a última recuperada do local em 30 de maio de 2002, está exposta, assim como as escadas de uma rua vizinha, pela qual centenas de pessoas escaparam das torres.
E leva tempo até chegar à parte inferior do museu, às salas de exposição e ao imenso Foundation Hall, onde se pode ver escombros de uma das torres.
"O visitante chega com suas recordações. Queríamos que fosse algo progressivo", explicou Carl Krebs, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto.
- Fotos estão proibidas -
A exposição "In memoriam" homenageia as quase 3.000 vítimas da tragédia, com fotografias e outras lembranças. Outra mostra, "Historica", conta em ordem cronológica o que aconteceu no 11 de Setembro, com imagens das torres em chamas e nova-iorquinos atônitos, retiradas dos jornais impressos e dos telejornais.
O visitante, que não pode tirar fotos no local, ouve as últimas mensagens de celulares deixadas por pessoas presas nos andares superiores para seus familiares e amigos.
Também com gravações de áudio, a mostra relembra os momentos finais dos passageiros do voo 93, antes de os terroristas explodirem o avião em Shanksville, na Pensilvânia.
"Baby, me ouça, por favor. Fomos sequestrados. Diga aos meus filhos que eu os amo muito", implora a aeromoça CeeCee Ross-Lyles, falando com o marido em um dos 37 telefonemas feitos do avião.
Um carro de bombeiros com a escada deformada permite compreender o sacrifício dos 343 membros do Departamento de Bombeiros de Nova York (FDNY, na sigla em inglês) mortos no inferno de chamas e aço durante a queda das torres.
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O visitante termina em uma sala, onde um vídeo de sete minutos explica "a ascensão da Al-Qaeda". Essa apresentação causou polêmica pelo medo de que se possa sair do museu "assimilando a Al-Qaeda ao Islã em geral". Nesta quarta, o ex-prefeito de Nova York e presidente do museu e memorial, Michael Bloomberg, rejeitou essas críticas, alegando que a exposição "conservará esse dia vivo melhor do que qualquer livro de História".
A entrada custa US$ 24, um preço considerado alto por muitas pessoas. Bloomberg justificou o valor pela ausência de ajuda federal para seu funcionamento, estimado em US$ 60 milhões por ano.