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Conheça o primeiro-ministro hindu: de vendedor de chá a líder de 1,2 bilhão

Principal representante da oposição, o nacionalista hindu Narendra Modi se torna primeiro-ministro, após vitória avassaladora nas maiores eleições da história. Político da extrema-direita divide opiniões e desperta temores

Rodrigo Craveiro
postado em 17/05/2014 08:00
Hira Ba, 90 anos, abençoa o filho Narendra Modi, após triunfo, em Gandhinagar:

Narendra Modi, 64 anos, o homem que um dia passou fome ao relento e sobreviveu vendendo chá, terá a missão de governar uma nação única, com 1,2 bilhão de cidadãos. A vitória esmagadora do nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP, Partido do Povo da Índia, pela tradução livre) nas maiores eleições da história do mundo representou uma guinada radical da esquerda para a extrema-direita e uma ruptura no poder ; o Partido do Congresso estava no poder havia mais de 10 anos. De acordo com as projeções divulgadas ontem, o BJP de Modi obteve 272 das 543 cadeiras do Lok Sabha (o Parlamento indiano), vencendo em 274 distritos eleitorais e liderando a contagem em outros oito. Uma maioria absoluta sem precedentes em 30 anos, que deve permitir ampla governabilidade, sem a necessidade de formar alianças políticas. ;O mandato do povo é importante. Juntos, temos que trabalhar pelo bem-estar da população;, declarou Modi em seu perfil no Twitter.

Foi pela rede social que ele celebrou a vitória, na madrugada de ontem ; ;A Índia venceu; ; e publicou uma fotografia da mãe, Hira Ba, 90 anos, o abençoando após o triunfo, em Gandhinagar, a 755km de Nova Délhi. ;Meu filho levará o país rumo ao desenvolvimento;, garantiu Hira, citada pelo jornal Times of India. Os líderes do Partido do Congresso reconheceram o fracasso eleitoral. ;Respeitamos a decisão. Assumo minha responsabilidade na derrota;, disse Sonia Gandhi, presidente do partido, de acordo com a agência France Presse. Neto da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, Rahul Gandhi esbanjou sinceridade. ;Nós nos saímos muito mal. Assumo minha responsabilidade.;



Modi, o político que provocou uma revolução econômica durante os 13 anos em que esteve à frente do governo de Gujarat ; estado situado no extremo oeste da Índia ;, também guarda máculas em sua carreira pública. Em 2002, ele foi acusado de assistir, de braços cruzados, o massacre de pelo menos mil muçulmanos, como retaliação à morte de 59 hindus dentro de um trem incendiado na cidade de Godhra. Chegou a comparar seu pesar à tristeza por ter atropelado um cachorro e ameaçou iniciar uma deportação em massa de muçulmanos de origem em Bangladesh. ;Na época do massacre, o então premiê Atal Bihari Vajpayee disse que Modi deveria renunciar. Esse evento marcou o início de sua carreira política. Modi tornou-se o ;Hindu hriday samrat; (;O imperador do coração hindu;) e capitalizou apoio político sobre essa imagem;, explicou ao Correio, por e-mail, o francês Christophe Jaffrelot, pesquisador do Ceri-Sciences Po/CNRS (em Paris), professor do King;s Institute (Londres) e da Universidade de Princeton (em Nova Jersey, EUA). Alguns temem o início de uma ditadura.

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