Agência France-Presse
postado em 17/05/2014 09:49
Kiev - A Comissão Eleitoral ucraniana convocou neste sábado o governo a agir com rapidez para retomar o controle do leste pró-russo, a uma semana de presidenciais cruciais para o futuro do país, mas nas quais dois milhões de eleitores podem não conseguir votar.Moscou questiona a legitimidade destas eleições, previstas para o dia 25 de maio na Ucrânia, enquanto prosseguem os combates entre nacionalistas e pró-russos no leste do país.
"Eleições realizadas em meio ao fragor das armas podem cumprir com as normas democráticas do processo eleitoral?", se perguntou o ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
Depois de lançar uma operação militar no dia 13 de abril para retomar o controle das regiões de Donetsk e Lugansk, nas mãos dos separatistas pró-russos, o governo pró-ocidental de Kiev tenta agora retomar o diálogo com os cidadãos do leste da Ucrânia.
[SAIBAMAIS]
Os principais ministros do governo, dois ex-presidentes ucranianos, parlamentares e líderes religiosos se reunirão novamente neste sábado em Kharkiv, importante cidade do leste, para realizar uma segunda mesa redonda, depois da reunião fracassada de quarta-feira em Kiev.
No entanto, assim como na capital, os separatistas pró-russos não estarão representados. As personalidades políticas que apostam em uma colaboração estreita com Moscou estarão presentes, mas sua influência não chega nem a Donetsk, nem a Lugansk, onde são consideradas traidoras. Durante a crise ucraniana, Washington e Bruxelas adotaram sanções diplomáticas e econômicas contra companhias e personalidades russas.
"A Rússia terá que enfrentar importantes sanções adicionais se mantiver sua atitude provocadora e desestabilizadora", advertiram na sexta-feira o presidente americano, Barack Obama, e seu colega francês, François Hollande, em um comunicado.
- Ameaça contra comissões eleitorais -
A uma semana da eleição presidencial, a Comissão Eleitoral advertiu em um comunicado que era incapaz de organizar a votação em muitas partes das regiões de Donetsk e Lugansk, que no dia 13 de maio declararam sua soberania depois da realização de referendos de independência.
A Comissão afirma que em várias delegações locais seus membros recebem ameaças e pressões físicas e convoca o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, a garantir a segurança diante "da rejeição ou ausência de reação dos corpos de segurança".
Segundo um balanço da AFP a partir de números oficiais, ao menos dois milhões de eleitores dos 36 milhões com direito a voto na Ucrânia podem ser impedidos de votar. Uma pesquisa recente indica que apenas um terço dos eleitores do leste estão dispostos a votar.
As Nações Unidas apresentaram na sexta-feira um cenário preocupante da deterioração da situação dos direitos humanos no leste, onde ocorrem casos de torturas, assassinatos, sequestros e intimidações contra políticos locais e jornalistas.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, convocou as pessoas com influência sobre os pró-russos, em alusão à Rússia, "a fazer todo o possível para frear estes homens".
Segundo a ONU, 127 pessoas no total morreram em confrontos entre separatistas e o exército, que tenta em vão retomar o controle destas regiões, onde vivem sete milhões de habitantes.
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A Rússia reagiu imediatamente e criticou "a falta total de objetividade" do relatório, que chama de "encomenda política para ;eliminar; as autoridades autoproclamadas de Kiev".
Até o momento, Kiev fracassou em sua operação militar contra os separatistas russos, que tomaram na sexta-feira o controle do quartel-general da Guarda Nacional, as forças especiais do ministério do Interior, em Donetsk.