Agência France-Presse
postado em 17/05/2014 20:31
Bengasi - Uma ofensiva do grupo paramilitar liderado pelo general Khalifa Haftar deixou 79 mortos na cidade de Benghazi, no leste da Líbia, feudo de grupos islâmicos armados, informou neste sábado (17/5) à AFP o ministério líbio da Saúde.Segundo o funcionário Abdallah al-Fitouri, informações procedentes de cinco hospitais da região revelam que a ofensiva matou 79 pessoas e feriu outras 141 desde a sexta-feira.
O boletim precedente revelava 37 mortos e 139 feridos em Benghazi.
O general Khalifa Haftar declarou neste sábado guerra aos grupos islâmicos em Benghazi, em um movimento que o governo em Trípoli qualificou de tentativa de golpe de Estado.
Haftar, um general da reserva que participou da revolta contra o regime de Muammar Kadhafi em 2011, lançou na sexta-feira uma operação contra grupos que qualificou de "terroristas" em Benghazi, feudo de numerosas milícias islâmicas muito bem armadas.
Na sexta-feira, uma unidade aérea liderada por Haftar bombardeou posições de grupos islâmicos, que responderam com disparos de canhões antiaéreos.
O Exército regular líbio - inoperante desde a queda de Kadhafi - reagiu neste sábado declarando "Benghazi e seus arredores zona de exclusão aérea até nova ordem".
"As unidades do Exército (...) e as formações de revolucionários (ex-rebeldes) terão como alvo qualquer avião que sobrevoar a cidade", declarou um comunicado oficial sobre a ofensiva paramilitar.
O presidente do Congresso Geral Nacional (Parlamento), Nuri Abu Sahmein, afirmou que a ofensiva é "uma ação sem o aval do Estado e uma tentativa de golpe". "Todos os que participarem desta tentativa de golpe serão perseguidos pela justiça".
Segundo o general Haftar, "a operação continuará até a limpeza de Benghazi de seus terroristas".
Um porta-voz dos paramilitares, coronel Mohamed Hijazi, pediu à população dos bairros de Guewercha e Sidi Fradj, no oeste e sul da cidade, que abandonem suas casas diante do risco de ataques.
Os dois bairros são conhecidos bastiões de grupos islâmicos - incluindo o Ansar Ashariaa - que ocupam bases militares e fazendas na região.
Oriundo do leste da Líbia, o general Haftar desertou do Exército de Kadhafi no final dos anos 80 e viveu durante 20 anos nos Estados Unidos antes de regressar a seu país, durante a revolta de 2011.
Devido a seu longo exílio nos EUA, Haftar é acusado regularmente de ser um "agente dos americanos".