Rodrigo Craveiro
postado em 18/05/2014 08:00
Nada lembra a suntuosidade quase hermética do poder. Quem passar pelo sítio Rincón del Cerro, a cerca de 10km de Montevidéu, talvez o veja se debruçando sobre o trator ou descansando no alpendre da casa, ao lado de Manuela, a cadela de três patas que se tornou sua fiel escudeira. Ou dirigindo o Fusca azul 1987, avaliado em US$ 2 mil. Vez ou outra, ele se ocupa de vender flores com a senadora Lucía Topolansky, sua mulher desde 2005. Mesmo nas reuniões com os ministros, não dispensa a velha sandália de couro, deixando à mostra as unhas por fazer e as pernas inchadas.
A cada mês, faz questão de separar 97% do salário de US$ 12 mil e repassá-los a instituições de caridade. ;Eu posso viver bem com o que tenho;, afirmou algumas vezes. Ao ser recebido pelo colega norte-americano, Barack Obama, rejeitou as formalidades do cargo e entrou na Casa Branca sem terno e sem gravata. Seus planos incluem plantar tomates e acelgas depois que não precisar mais ;bater ponto; na Casa Suárez y Reyes, um prédio transformado em sede do Executivo, em Montevidéu.
Aos 78 anos ; ele fará 79 depois de amanhã ;, José Alberto Mujica Cordano (ou José ;Pepe; Mujica) ganhou respeito mundial não apenas pela vida austera, mas por apoiar políticas sociais arrojadas. Ele defendeu e sancionou uma lei que permite a produção e a venda de marijuana controladas pelo governo. ;Em nenhuma parte do mundo, a repressão ao consumo de drogas trouxe resultados. É hora de tentar algo diferente;, justificou. Tornou realidade o casamento homossexual. Assumiu a luta contra o tabaco, apesar de admitir-se um fumante contumaz. Confessou ser simpatizante da legalização do aborto.
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