Agência France-Presse
postado em 19/05/2014 10:51
Bogotá - A Colômbia lamenta a morte de 32 crianças em um ônibus incendiado no domingo (18/5) na localidade de Fundación (norte do país), enquanto as autoridades investigam a tragédia e aguardam o depoimento do motorista do veículo, que está detido. O governo, que atualizou o balanço de vítimas, informou que o ônibus circulava de maneira ilegal e que a imprudência do motorista se consolida como principal hipótese do acidente."Temos 32 pessoas que ficaram incineradas, são 32 crianças mortas e outras 20 que foram enviadas a hospitais", afirmou Luz Stella Durán, prefeita de Fundación, a cidade do departamento de Magdalena que foi cenário da tragédia. Até a noite de domingo, as autoridades falavam de 31 crianças mortas e 24 feridas no incêndio no ônibus, no qual os menores de idade retornavam de uma viagem após uma missa.
A ministra dos Transporte, Cecilia Álvarez, afirmou que as investigações apontam que o ônibus não estava registrado desde 2012 para prestar qualquer tipo de serviço. Ela também afirmou que o ônibus viajava com sobrecarga, ao transportar 52 crianças, e que as primeiras hipóteses consolidam a "imprudência do motorista", que teria manipulado um recipiente de gasolina de contrabando para tentar ligar o veículo. A prefeita Luz Durán informou que o motorista era amigo de alguns membros da igreja e que perdeu dois filhos na tragédia.
País de luto
"Estou comovido e todo o país está de luto pela morte destas crianças nesta tragédia. Sempre recordaremos estas crianças", disse o presidente Juan Manuel Santos, que viajou até Fundación, após o encerramento da campanha para eleição do próximo domingo. As equipes de emergência retiraram os corpos carbonizados das crianças dos destroços do ônibus e enviaram os restos mortais para o Instituto Médico Legal de Brarranquilla, capital regional.
[SAIBAMAIS]As autoridades esperam começar nesta segunda-feira o processo de identificação dos corpos das crianças, um trabalho muito difícil, segundo os legistas, em consequência do estado de carbonização dos cadáveres. "As investigações estão em curso", afirmou Santos, que anunciou ainda que o governo assumirá todos os custos de atendimento dos feridos e dos funerais.
A prefeita de Fundación decretou luto de três dias e a proibição do consumo de bebidas alcoólicas. Os feridos sofreram queimaduras de segundo e terceiro grau e muitos se encontram em estado crítico, informou o diretor local da Cruz Vermelha, Cesar Ureña. A organização enviou quatro psicólogos e dois voluntários especialistas em apoio psicossocial para atender os parentes das vítimas e os feridos.
O motorista do ônibus incendiado, que não teve a identidade divulgada, foi detido e deve prestar depoimento nesta segunda-feira. "O motorista está detido. Ele se entregou às autoridades durante a manhã e deve prestar depoimento durante uma audiência", afirmou uma fonte policial de Magdalena. "Está detido temporariamente, enquanto determinamos sua responsabilidade", completou a fonte.
Uma das hipóteses do acidente indica que o motorista colocava gasolina no ônibus a partir de um recipiente com combustível de contrabando no momento da explosão. A polícia informou que o motorista se entregou depois da divulgação de que a hipótese de culpa do condutor estava sendo investigada. Parentes das vítimas atacaram a casa do suspeito e iniciaram uma busca paralela a das autoridades.
Segundo uma sobrevivente, o motorista "desceu do ônibus para colocar gasolina e todas as crianças estavam em cima. De um momento para o outro, o ônibus começou a soltar faíscas. Neste momento, o motorista desceu correndo para buscar água e foi embora". "Eu quebrei o vidro da janela e tirei minha irmã, mas não consegui salvar meus outros dois irmãos", completou a menina de 11 anos.