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Ônibus que pegou fogo na Colômbia e matou 32 crianças circulava ilegalmente

O motorista não tinha habilitação e transportava 52 menores de idade, acima do limite permitido para esse tipo de veículo

Agência France-Presse
postado em 19/05/2014 17:58
Moradores cercam os destroços carbonizados do ônibus escolar queimado. Em volta, os corpos cobertos de seus passageiros mortos

Bogotá
- A indignação tomou conta dos colombianos nesta segunda-feira depois da confirmação de que o ônibus que pegou fogo no domingo em Fundación (norte do país), deixando 32 crianças mortas, circulava ilegalmente, enquanto suspeita-se de imprudência por parte do motorista.

O motorista, que não teve a identidade revelada, se entregou à polícia. Ele não tinha habilitação e transportava 52 menores de idade, acima do limite permitido para esse tipo de veículo.

"A comunidade está de luto. Temos 32 pessoas que ficaram incineradas, são 32 crianças mortas e outras 20 que foram enviadas a hospitais", afirmou Luz Stella Durán, prefeita de Fundación, cidade do departamento de Magdalena que foi cenário da tragédia.

Os jovens - com idades entre três e doze anos, segundo o Ministério Público - retornavam de uma missa para as suas casas. Os feridos sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus e muitos estavam em estado crítico, informou o diretor local da Cruz Vermelha, Cesar Ureña. Até a noite de domingo, as autoridades falavam em 24 crianças e um adulto feridos no incêndio.

As equipes de emergência retiraram os corpos carbonizados dos destroços e os enviaram para o Instituto Médico Legal de Brarranquilla, capital regional.

De acordo com a prefeita, o processo de identificação dos corpos deve levar dias. Durán também anunciou luto oficial de três dias.

Imprudência do motorista


A ministra dos Transportes, Cecilia Álvarez, afirmou à rádio RCN que as investigações apontam que o ônibus não era registrado desde 2012 para prestar qualquer tipo de serviço, e que também não tinha seguro.

Além disso, afirmou que as primeiras hipóteses consolidam a "imprudência do motorista", que teria manipulado um recipiente com gasolina contrabandeada para o veículo. As autoridades estão empenhadas em chegar "às últimas consequências das investigações", acrescentou.

De acordo com uma sobrevivente, o motorista "desceu do ônibus para colocar gasolina e todas as crianças estavam lá dentro. De repente, o ônibus começou a soltar faíscas. Neste momento, o motorista desceu correndo para buscar água e foi embora".

"Eu quebrei o vidro da janela e tirei minha irmã, mas não consegui salvar meus outros dois irmãos", completou a menina de 11 anos.

O motorista presta depoimento nesta segunda-feira. A polícia informou que ele havia se entregado depois de ver as notícias indicando que uma suposta culpa do motorista estava sendo investigada. Parentes das vítimas chegaram a atacar a casa do suspeito.

"Estou comovido e todo o país está de luto pela morte das crianças nesta tragédia. Sempre lembraremos destas crianças", disse o presidente Juan Manuel Santos, que viajou até Fundación, após o encerramento da campanha para eleição do próximo domingo.

Santos anunciou que o governo assumirá todos os custos de atendimento dos feridos e dos funerais. A prefeitura enviou quatro psicólogos e dois voluntários especialistas em apoio psicossocial para atender os parentes das vítimas e os feridos.

A indignação com a tragédia estava nas redes sociais, com os termos "Fundación" e "Magdalena" entre os principais temas do Twitter.

"O ônibus incendiado em Fundación Magdalena não tinha SOAT (seguro obrigatório). Novamente a vida de meninos e meninas é desperdiçada, o Estado não cumpre seu dever", escreveu o usuário @ALCISERRATO.

Já a internauta @manialolita afirmou: "Terrível balanço da tragédia em Fundacíon: registros vencidos, não tinha autorização. Outra tragédia anunciada".

O acidente também teve repercussão na campanha para a eleição presidencial de domingo. Em entrevista à Caracol Radio, a candidata esquerdista Clara Rojas declarou que "a tragédia em Fundacíon mostra o atraso que tem o país". "Não é só irresponsabilidade do motorista, mas também falta de presença e rigor das autoridades", denunciou.

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