Nenhum país encara as eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam de amanhã a domingo, com tanta seriedade quanto a Alemanha ; principal economia da Europa e dona do maior número de cadeiras (96) no organismo. A chanceler (chefe de governo) Angela Merkel goza de ampla aprovação popular e, pouco afetada pela epidemia de euroceticismo, é apontada como a grande vencedora do processo, entre os governantes dos 28 países-membros da União Europeia (UE). Aos 59 anos, no poder desde 2005, ela não é candidata, mas sua foto está estampada em todas as peças de campanha da União Democrata Cristã (CDU), que, segundo as pesquisas, ficará com a parte do leão na bancada alemã de eurodeputados. Com o cacife, Merkel deve sair das urnas como a voz mais forte em decisões, como a escolha do sucessor de José Manuel Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE).
Na França, que completa a ;dupla dinâmica; do bloco, o presidente François Hollande está na metade baixa da gangorra e vê sua influência se reduzir, dentro e fora de casa. Impulsionada pela altíssima rejeição popular ao Partido Socialista, de Hollande, a eurocética Marine Le Pen, da Frente Nacional (FN), desponta como o nome forte na próxima legislatura do Europarlamento. Embora não exerça um poder comparável ao da chanceler alemã, a dama da ultradireita francesa lidera, ao lado do nacionalista holandês Geert Wilders, a aliança para estabelecer uma barulhenta bancada europeia.
A expectativa é de que a maioria no Europarlamento continue nas mãos da centro-direita ;europeísta;, apesar do notório crescimento das legendas nacionalistas e anti-UE. Um dos maiores e mais tradicionais opositores do bloco, o Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP) ameaça pela primeira vez conquistar maioria entre os eleitores britânicos. O líder da legenda, Nigel Farage, se recusa a endossar o pacto entre Marine e Wilders, justificando que a francesa mantém os traços antissemitas que marcaram a FN sob a liderança de seu pai, Jean-Marie Le Pen. Mesmo assim, são unidos por bandeiras como a restrição aos imigrantes e o aumento da autonomia orçamentária, monetária e territorial dos 28 países-membros.
Merkel, entusiasta da integração, conseguiu implementar, no terceiro mandato como chanceler alemã, medidas como o aumento da aposentadoria e a fixação de um salário mínimo. Ao mesmo tempo, vizinhos sob governo de centro-esquerda, como França e Itália, ainda sofrem com as medidas de austeridade adotadas em consequência da crise econômica iniciada em 2008. O poder de Merkel, chamada por alguns de ;rainha da Europa;, ajuda a manter a integridade do bloco e garante a Berlim o desenvolvimento de políticas regionais alinhadas a seus interesses.
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