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Pelo menos 31 mortos e 91 feridos em atentado em mercado na China

Atentado aconteceu um dia depois do anúncio de que 39 pessoas detidas em Xinjiang, acusadas de divulgação de "vídeos terroristas"

Pequim - Pelo menos 31 pessoas morreram e 94 ficaram feridas em um atentado nesta quinta-feira (22/5) em Urumqi, capital de Xinjiang (noroeste da China), uma região no extremo da Ásia central que protesta contra a tutela chinesa e é acusada por Pequim de "terrorismo" e islamismo. Segundo a agência oficial Xinhua, às 7H50 (20H50 de Brasília, quarta-feira) dois veículos avançaram contra a multidão em um mercado ao ar livre, enquanto os ocupantes dos automóveis lançavam explosivos.

Um dos veículos explodiu, segundo a agência chinesa, que cita uma testemunha, segundo a qual aconteceram "uma dezena de explosões". A agência não informou se os criminosos estão incluídos no balanço de 31 mortos e 94 feridos. O atentado aconteceu em um dos momentos do dia mais movimentados nos mercados de frutas, verduras e carnes.

Fotos supostamente feitas no local, no centro da cidade, perto do Parque do Povo, foram publicadas na rede social Weibo, o equivalente chinês do Twitter, e mostravam corpos em uma rua, cercados por chamas e uma nuvem de fumaça, perto de um cordão de isolamento policial. "Aconteceram várias explosões potentes no mercado diante do Palácio da Cultura de Urmqi", afirmou o autor de uma mensagem no Weibo.

A ;testemunha; relatou que observou a cena a menos de 100 metros de distância. O presidente chinês Xi Jinping se comprometeu a "punir
severamente os terroristas", segundo a Xinhua. Todos os feridos foram levados para hospitais, segundo o portal de notícias Tianshan, vinculado ao governo regional de Xinjiang.

Longas penas de prisão

O atentado aconteceu um dia depois do anúncio de que 39 pessoas detidas em Xinjiang, acusadas de divulgação de "vídeos terroristas", foram condenadas a penas de até 15 anos de prisão. Durante o último ano, os atos de violência em Xinjiang registraram forte alta. As ações são atribuídas pelo regime comunista a "terroristas" uigures, separatistas e fundamentalistas muçulmanos. As autoridades chinesas fortaleceram consideravelmente a política de segurança.

Os uigures, muçulmanos de língua turca, constituem a principal etnia desta grande região parcialmente desértica, mas rica em recursos minerais. Depois que milhões de pessoas da etnia han - maioria na China - se mudaram para a região nas últimas décadas, os uigures afirmam que passaram a ser perseguidos pelas autoridades. Também afirmam que foram esquecidos pelo crescimento econômico e que são vítimas de uma severa política repressiva contra sua religião e sua cultura.

Um ataque com arma branca e explosivos no dia 30 de abril, o último de uma visita do presidente chinês Xi Jinping à região, deixou um morto e 79 feridos na estação ferroviária de Urumqi. Dois criminosos morreram na tentativa de detonar explosivos. No ano passado, vários incidentes com dezenas de mortos foram registrados na "Região Autônoma Uigur", nome oficial da área.

Em outubro, quando os atos de violência pareciam limitados a Xinjiang, um atentado suicida foi cometido na Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim, símbolo do poder. Três uigures procedentes de Xinjiang avançaram com um veículo contra a Cidade Proibida. A escalada aumentou em março, quando criminosos mataram 29 pessoas e feriram 143 em um ataque com facas na estação de Junming, em Yunan (sudoeste). O massacre foi atribuído por Pequim a movimentos separatistas islamitas de Xinjiang.

Até o momento os ataques na China não foram reivindicados por nenhum grupo. A Casa Branca condenou imediatamente o "atroz atentado terrorista" em Urumqi. "Trata-se de um ato de violência abjeta e escandalosa contra civis inocentes. Os Estados Unidos se opõem firmemente a qualquer forma de terrorismo", afirmou Jay Carney, porta-voz da presidência americana.