Agência France-Presse
postado em 22/05/2014 14:54
Nova York- China e Rússia vetaram nesta quinta-feira (22/5) um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU para denunciar no Tribunal Penal Internacional (TPI) os crimes de guerra cometidos na Síria tanto pelo regime quanto pelos grupos opositores. Os países ocidentais pressionaram para que a resolução fosse aprovada diante das crescentes atrocidades na Síria, que incluem ataques com armas químicas, bombardeios, uso sistemático da tortura e bloqueio ao acesso de ajuda humanitária.
Esta é a quarta vez que Moscou e Pequim bloqueiam resoluções sobre o conflito, paralisando os esforços do Conselho de Segurança para solucionar uma guerra de três anos na qual estima-se que mais de 160.000 pessoas tenham morrido. Os outros 13 membros do Conselho votaram a favor, e as potências ocidentais criticaram Rússia e China por protegerem não apenas o regime sírio, mas também os grupos terroristas da oposição.
"Nossos netos nos perguntarão em alguns anos como pudemos falhar em levar justiça a pessoas que estão vivendo um inferno na terra", declarou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power. "As vítimas da máquina industrial de assassinatos do regime de Assad e as vítimas de ataques terroristas merecem mais do que ver mais mortos", acrescentou.
Moscou é o aliado mais próximo do presidente Bashar al-Assad e deu ao presidente sírio o apoio diplomático ao longo de toda a crise. Pequim geralmente se alinha à posição russa. O texto, redigido pela França, era co-patrocinado por 60 países, incluindo integrantes de União Europeia, Japão, Coreia do Sul e vários países africanos. A Síria não é signatária do TPI, razão pela qual apenas o Conselho de Segurança pode decidir enviar ao Tribunal casos de crimes de guerra ou crimes contra a Humanidade cometidos no território sírio. O mesmo foi feito com Darfur, no Sudão, em 2005 e com a Líbia em 2011.
Credibilidade em xeque
O embaixador francês na ONU, Gerard Araud, havia dito anteriormente que, se o esperado veto ocorresse, ele representaria "um insulto aos milhões de sírios que sofrem". Jan Eliasson, subsecretário-geral da ONU, declarou ao Conselho antes da votação que os anos de divergência no organismo são profundamente prejudiciais.
"Se os membros do Conselho continuarem sendo incapazes de chegar a um acordo sobre medidas que possam atribuir algum tipo de responsabilidade pelos crimes cometidos, a credibilidade deste corpo e de toda a organização continuará sofrendo", afirmou antes da votação. No entanto, isso não mudou a posição da Rússia. O embaixador Vitaly Churckin descartou a iniciativa francesa na quarta como um "golpe publicitário" que prejudicaria os esforços por uma solução política para o conflito.
As negociações de paz estão estagnadas desde fevereiro. A isso se soma a recente renúncia do mediador internacional para o conflito, Lakhdar Brahimi. Os diplomatas ocidentais disseram que a China estava em uma situação embaraçosa, mas reticente em se opor à Rússia pouco tempo depois de se abster na votação de uma resolução que denunciava o referendo separatista na península da Crimeia. "Uma oportunidade crucial para conseguir justiça foi desperdiçada. Mais uma vez, Rússia e China abandonaram o povo sírio para salvar as alianças políticas", criticou a organização pelos direitos humanos Anistia Internacional.
Esta é a quarta vez que Moscou e Pequim bloqueiam resoluções sobre o conflito, paralisando os esforços do Conselho de Segurança para solucionar uma guerra de três anos na qual estima-se que mais de 160.000 pessoas tenham morrido. Os outros 13 membros do Conselho votaram a favor, e as potências ocidentais criticaram Rússia e China por protegerem não apenas o regime sírio, mas também os grupos terroristas da oposição.
"Nossos netos nos perguntarão em alguns anos como pudemos falhar em levar justiça a pessoas que estão vivendo um inferno na terra", declarou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power. "As vítimas da máquina industrial de assassinatos do regime de Assad e as vítimas de ataques terroristas merecem mais do que ver mais mortos", acrescentou.
Moscou é o aliado mais próximo do presidente Bashar al-Assad e deu ao presidente sírio o apoio diplomático ao longo de toda a crise. Pequim geralmente se alinha à posição russa. O texto, redigido pela França, era co-patrocinado por 60 países, incluindo integrantes de União Europeia, Japão, Coreia do Sul e vários países africanos. A Síria não é signatária do TPI, razão pela qual apenas o Conselho de Segurança pode decidir enviar ao Tribunal casos de crimes de guerra ou crimes contra a Humanidade cometidos no território sírio. O mesmo foi feito com Darfur, no Sudão, em 2005 e com a Líbia em 2011.
Credibilidade em xeque
O embaixador francês na ONU, Gerard Araud, havia dito anteriormente que, se o esperado veto ocorresse, ele representaria "um insulto aos milhões de sírios que sofrem". Jan Eliasson, subsecretário-geral da ONU, declarou ao Conselho antes da votação que os anos de divergência no organismo são profundamente prejudiciais.
"Se os membros do Conselho continuarem sendo incapazes de chegar a um acordo sobre medidas que possam atribuir algum tipo de responsabilidade pelos crimes cometidos, a credibilidade deste corpo e de toda a organização continuará sofrendo", afirmou antes da votação. No entanto, isso não mudou a posição da Rússia. O embaixador Vitaly Churckin descartou a iniciativa francesa na quarta como um "golpe publicitário" que prejudicaria os esforços por uma solução política para o conflito.
As negociações de paz estão estagnadas desde fevereiro. A isso se soma a recente renúncia do mediador internacional para o conflito, Lakhdar Brahimi. Os diplomatas ocidentais disseram que a China estava em uma situação embaraçosa, mas reticente em se opor à Rússia pouco tempo depois de se abster na votação de uma resolução que denunciava o referendo separatista na península da Crimeia. "Uma oportunidade crucial para conseguir justiça foi desperdiçada. Mais uma vez, Rússia e China abandonaram o povo sírio para salvar as alianças políticas", criticou a organização pelos direitos humanos Anistia Internacional.