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Candidatos colombianos tentam evitar alta abstenção nas eleições

Preocupação é com a possibilidade de alta abstenção, como a de 51%, há quatro anos, nas ultimas eleições presidenciais do país, onde o voto não é obrigatório

postado em 25/05/2014 10:33
Quase 33 milhões de eleitores colombianos foram convocados para as eleições presidenciais deste domingo (25/5). Com o voto não obrigatório, os candidatos tentaram mobilizar o eleitorado para participar do processo. A preocupação é com a possibilidade de alta abstenção, como a de 43%, registrada nas eleições legislativas de março, e a de 51%, há quatro anos, nas ultimas eleições presidenciais. Para analistas, uma abstenção elevada nestas eleições poderá ser reflexo do cansaço e da decepção dos eleitores por causa do clima de difamação entre os candidatos na reta final da campanha.

Atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos tenta a reeleição

;Esta campanha é atípica. Muito morna no começo e muito competitiva nas últimas semanas devido aos escândalos e manipulações de denúncias. Com o voto não obrigatório, o eleitor tem de ser motivado. Vimos o contrário, pouco debate de ideias e o denuncismo que afastou parte do eleitorado;, disse à Agência Brasil o analista político colombiano Jorge Restrepo.

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Para ele, houve excesso na exploração de acusações entre as partes, tanto por parte do presidente Juan Manuel Santos, que tenta a reeleição, quanto por Oscar Zuluaga, partido criado por Álvaro Uribe. ;Só no último debate [realizado na sexta-feira, 23], vimos menos troca-troca de acusações e ouvimos mais propostas;, opinou.

[SAIBAMAIS] Santos foi acusado de ter recebido dinheiro do narcotráfico e Zuluaga de ter espionado o processo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Nas ruas de Bogotá, a Agência Brasil conversou com eleitores. Alguns disseram que votariam em branco. ;Não quero nenhum destes candidatos que estão aí;, disse o estudante Pablo Sierra, 18 anos. Ele vai votar pela primeira vez.

A dona de casa Luzmaría Benevides informou que não vai votar porque está descrente da política. ;Agora não quero votar, porque são todos uns corruptos. Mas, talvez no segundo turno, se eles pararem de brigar e se preocuparem em nos convencer;, comentou.

A tendência de abstenção para estas eleições foi observada ontem (24) pela Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acompanha o processo. Em comunicado, a missão informou ter observado pouca participação nos 64 consulados colombianos para o voto no exterior. Fora do país, a votação foi iniciada na última segunda-feira (19) e será finalizada hoje.

Segundo a missão, até ontem (24) o movimento nos consulados era pequeno. Mais de 500 mil colombianos foram registrados para votar no exterior. Com a apatia e um cenário indefinido, os candidatos aproveitaram o sábado (24) para motivar os eleitores, com mensagens nas redes sociais, a comparecer às urnas.

Os cinco candidatos, Juan Manuel Santos, que tenta a reeleição pela coalizão Unidade Nacional, Oscar Zuluaga, do Centro Democrático, Marta Ramírez, do Partido Conservador, Enrique Peñalosa, da Aliança Verde, Clara López, do Pólo Democrático Alternativo e União Patriótica, usaram as redes sociais para convocar eleitores e reforçar suas propostas.

A campanha de Santos chamou os colombianos, no Twitter, a ;votar pela paz;, lembrando dos avanços no processo de paz entre o governo e as Farc.

Oscar Zuluaga e seu principal ;cabo eleitoral; - o ex-presidente e senador Álvaro Uribe - usaram o Twitter para convocar os colombianos e escreveram sobre as propostas do Centro Democrático, de extrema direita.

Crítico do processo de paz, Zuluaga disse querer um ;cessar-fogo unilateral; das Farc e que a guerrilha abandone todas as atividades criminosas para continuar o diálogo. Ele também promete investir mais em segurança e no aparato militar do país.

A conservadora Marta Ramírez chamou os eleitores para o voto consciente. ;Que tal se não votarmos naqueles que desprestigiaram seus adversários e escolhermos quem tem melhores propostas?;, escreveu.

Enrique Peñalosa, candidato de centro-esquerda, bastante forte na capital, tentou sair da dicotomia entre "guerra e paz", construída em torno de Santos e Zuluaga. ;Não escolheremos entre a guerra e a paz, mas sim entre seguir com o passado ou mudar;, postou.

Mais à esquerda, Clara López convocou as mulheres a valorizar o voto feminino. ;Convido a todas vocês, chegou a nossa hora;, escreveu.

O analista Jorge Restrepo lembrou que todo o esforço para diminuir a abstenção é válido para os candidatos, porque as últimas pesquisas de intenção de voto mostraram grandes variações. ;Santos e Zuluaga apareceram muito próximos, mas o terceiro lugar oscila entre Marta e Peñalosa;, explicou.

Para ele, a única certeza é que o país terá segundo turno em junho, para escolher o novo presidente. ;Mas podem ocorrer surpresas sobre os nomes;, disse.

O encerramento da votação está previsto para as 16h (18h em Brasília). A Registradoria Civil (órgão eleitoral) colombiana deve divulgar o resultado preliminar no começo da noite de hoje.

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