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Em primeiro dia de eleição presidencial no Egito, Sisi é favorito absoluto

Longas filas foram formadas nas seções de votação do Cairo, abertas das 9h às 21h durante dois dias, nesta segunda e na terça-feira

Cairo - Os egípcios votaram nesta segunda-feira (26/5) no primeiro dia da eleição presidencial de dois dias, em que todas as pesquisas apontam como vencedor absoluto o ex-chefe das Forças Armadas, Abdel Fatah al-Sisi, que derrubou e prendeu o ex-presidente islâmico Mohamed Morsy. O marechal reformado, de 59 anos, está à frente do governo interino que foi formado há 11 meses, quando iniciou contra os partidários de Morsy a repressão mais violenta da história recente do Egito.

A violência com que foi feita desencadeou inúmeras críticas na comunidade internacional, mas também fez com que ganhasse uma enorme popularidade entre os egípcios que votaram nele em massa. Longas filas foram formadas nas seções de votação do Cairo, abertas das 9h às 21h durante dois dias, nesta segunda e na terça-feira. Há meses os muros da capital estão cobertos com retratos de Sisi.

Os postos de votação foram fechados às 21h desta segunda-feira e voltarão a ser abertos na terça, às 9h. Para a maioria da população, ele é o homem que vai devolver estabilidade ao país depois de três anos de caos e de crise econômica depois da revolução em 2011 contra Hosni Mubarak. Mahmud el Minyawi, um eleitor de 66 anos, disse que vai votar "neste patriota porque falta disciplina ao país".



Já Samia Chami, funcionária pública, afirmou que votará no ex-militar porque ele "ajudou a livrar o Egito de Morsy". "O que vou depositar na urna não é uma cédula, mas um ;obrigada;". No local onde votou, Sisi prometeu que "amanhã será fantástico. Todo o mundo nos observa enquanto escrevemos nossa história e nosso futuro", afirmou Sisi, enquanto depositava seu voto em sua seção eleitoral.

Seus críticos consideram que, com sua eleição, as Forças Armadas voltarão a tomar o poder depois de terem deixado Morsy e seu movimento, a Irmandade Muçulmana, apenas um ano no poder. Os defensores dos direitos humanos já consideram o governo interino mais autoritário do que o de Mubarak. O Exército de Sisi justificou as manifestações de três milhões de pessoas, que saíram às ruas pedindo a queda de Morsy, para justificar, dias depois, a destituição do único presidente eleito democraticamente no Egito.

Desde 3 de julho, a polícia e o Exército mataram mais de 1.400 manifestantes pró-Morsi, prenderam mais de 15 mil pessoas, algumas das quais foram condenadas a penas de morte em julgamentos sumários. As capitais ocidentais e a ONU criticaram duramente esta repressão, enquanto que uma grande maioria dos 86 milhões de egípcios a aprovou, tanto que Sisi não teve praticamente que fazer campanha eleitoral.

Democracia em 25 anos

O único adversário, o esquerdista Hamdeen Sabbahi fez uma campanha muito intensa, mas não deve obter um número de votos significativo, segundo os analistas. Em suas aparições na televisão, Sisi declarou que o Egito não estará pronto para uma democracia real antes de 20 ou 25 anos, uma afirmação que cai como um balde de água fria para aqueles que sonhavam com uma abertura do país.

O que Sisi promete por ora é trazer a estabilidade e, para conseguir isso, afirmou que vai eliminar os "terroristas", termo usado pelo governo e pelos meios de comunicação para se referir à Irmandade Muçulmana. Foram convocados às urnas 53 milhões de eleitores. Os resultados serão anunciados no dia 5 de junho e, posteriormente, serão convocadas eleições legislativas.