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Conflito entre ucranianos e russos deixa 40 mortos no aeroporto de Donetsk

A batalha pelo controle do estabelecimento começou um dia depois da eleição do futuro presidente da Ucrânia

Agência France-Presse
postado em 27/05/2014 12:40
Donetsk - O exército ucraniano retomou nesta terça-feira (27/5) o estratégico aeroporto de Donetsk, leste do país, em uma operação que matou 40 pessoas, em sua maioria separatistas pró-Rússia.

[SAIBAMAIS]A batalha pelo controle do aeroporto começou na segunda-feira, um dia depois da eleição do futuro presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, que prometeu lutar contra os "terroristas". "Retomamos o controle total do aeroporto. O adversário sofreu baixas, mas nós não", afirmou o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov. Mas Avakov destacou que os militares prosseguiriam com a operação no local, onde foram ouvidas explosões e tiros durante a manhã.



O prefeito de Donetsk, Olexander Lukianchenko, informou sobre a morte de dois civis e 38 combatentes. Os rebeldes pró-Moscou deram a entender que o número de vítimas pode ser maior. "A situação continua muito tensa. Durante a manhã, 31 pessoas ainda eram atendidas no hospital, incluindo quatro moradores da cidade", disse o prefeito. Um correspondente da AFP observou pedaços de corpos e sangue perto de um caminhão com várias marcas de tiros na estrada que leva ao aeroporto.

Operação de punição

A Rússia intensificou as declarações a favor de um cessar-fogo. Em uma conversa telefônica com o chefe de Governo italiano, Matteo Renzi, o presidente russo, Vladimir Putin, "ressaltou a necessidade de deter imediatamente a operação de punição do exército nas regiões do sudeste e instaurar um diálogo pacífico entre Kiev e os representantes das regiões" separatistas do leste.

Pouco antes, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, também havia pedido o fim imediato da violência de todas as partes envolvidas na Ucrânia. O exército ucraniano enviou na segunda-feira helicópteros, aviões de combate e paraquedistas para retomar o controle do aeroporto estratégico, que os separatistas pró-Rússia tomaram, sem violência, no domingo.

A maior ação militar de Kiev desde o início de uma operação contra os rebeldes separatistas, em meados de abril, aconteceu no mesmo dia em que foi confirmada a vitória do bilionário Poroshenko na eleição presidencial de domingo, com 54% dos votos. O quinto presidente eleito desde a independência da ex-república soviética em 1991 anunciou que suas prioridades serão devolver a segurança ao país, após seis meses de uma crise sem precedentes.

Poroshenko insistiu ainda que não negociaria com "terroristas" até a entrega das armas, em uma referência aos rebeldes pró-Rússia.

Nenhum diálogo sem mediadores

A Rússia, ameaçada com mais sanções internacionais pelo envolvimento na crise ucraniana, afirmou que teria um "diálogo pragmático" com o novo chefe de Estado ucraniano, "em particular nas áreas comercial, econômica e de gás", e destacou que respeitava o resultado das eleições.

Mas o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, rejeitou nesta terça-feira a possibilidade de iniciar negociações diretas com a Rússia sem a presença de mediadores ocidentais, apesar de Poroshenko ter afirmado na segunda-feira que esperava ter uma reunião com Putin, talvez em junho. Lavrov declarou, por sua vez, que a Rússia não cogita no momento uma visita do novo presidente ucraniano.

Sobre a crise do gás, a Ucrânia expressou insatisfação com o plano da União Europeia para solucionar o conflito entre Kiev e Moscou. O país deseja a garantia de uma redução do preço antes de pagar sua dívida. A Organização para a Cooperação e a Segurança na Europa (OSCE) legitimou a vitória de Poroshenko, ao considerar que as eleições aconteceram "de acordo com as normas democráticas", apesar das dificuldades detectadas nas regiões separatistas.

O governo dos Estados Unidos informou que pretende trabalhar com o presidente eleito. Os países ocidentais apoiaram as eleições, organizadas seis meses depois de uma crise sem precedentes, iniciada com um movimento de contestação pró-Europa que terminou com a destituição do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch.

Durante o período, a Rússia anexou a península da Crimeia a seu território e Kiev iniciou uma ofensiva militar contra as regiões separatistas do leste.

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