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Egito prorroga eleição presidencial diante de baixa participação

Quinto presidente eleito desde a independência da ex-república soviética, em 1991, anunciou que suas prioridades serão devolver a segurança ao país, após seis meses de uma crise

Agência France-Presse
postado em 27/05/2014 19:52
Donestk - O Exército ucraniano retomou nesta terça-feira (27/5) o estratégico aeroporto de Donetsk, no leste do país, em uma operação que matou 40 pessoas, enquanto a OSCE anunciou a detenção de quatro de seus observadores pelos separatistas pró-russos.

Poucas horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter exigido "o fim imediato da operação punitiva" do Exército ucraniano no leste, o Ministério ucraniano das Relações Exteriores convocou nesta terça o encarregado dos interesses russos para protestar contra uma nova "incursão de terroristas armados" vindos da Rússia nesta madrugada.

A batalha pelo controle do aeroporto começou na segunda-feira, um dia depois da eleição do futuro presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, que prometeu lutar contra os "terroristas". A Rússia, envolvida em uma verdadeira queda de braço com a Ucrânia, indicou que uma visita a Moscou de Poroshenko, eleito no domingo com mais de 54% dos votos, não "está sendo considerada".

Hoje foi o dia mais violento em Donetsk, reduto rebelde do leste ucraniano. De acordo com o prefeito da cidade, Olexander Lukianchenko, 38 combatentes - separatistas e soldados ucranianos - morreram nos combates. Dois civis também morreram nos confrontos, que deixaram pelo menos 43 feridos.

Ainda de acordo com o prefeito, entre os feridos estão oito cidadãos russos, incluindo alguns de Grozny e Guderm;s, na república russa da Chechênia. Nos últimos dias, a AFP constatou a presença em Donetsk de combatentes do Cáucaso russo. "A situação continua muito tensa", alertou o prefeito, que recomendou que os habitantes da região permaneçam em casa.

Batalha pelo aeroporto

A batalha pelo controle do aeroporto de Donetsk começou na segunda-feira (26/5), com o envio de aviões de combate Mig-29 e Sukhoi-25 e de paraquedistas. "Retomamos o controle total do aeroporto. O adversário sofreu baixas, mas nós não", afirmou no início da tarde desta terça o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov.

Os separatistas bloquearam a estrada que leva ao aeroporto com um trator, caminhões e pilhas de pneus. A menos de 2 km do aeroporto, um caminhão crivado de balas e parcialmente queimado foi abandonado na beira da estrada. Roupas, sangue e partes de corpos humanos espalhados pelo chão foram vistos por jornalistas da AFP.

Enquanto isso, a OSCE, que dispõe desde março de uma missão especial de observação na Ucrânia, anunciou que havia perdido contato na tarde de segunda com uma de suas equipes de observadores posicionadas em Donetsk. Esses observadores - um dinamarquês, um turco, um estoniano e um suíço - foram detidos em um posto de controle rebelde pouco antes da organização perder contato com o grupo.

"Posso confirmar que um dinamarquês, enviado como membro da Missão Especial de Observação da OSCE, foi preso por separatistas armados na Ucrânia, com três outros observadores", confirmou o ministro dinamarquês do Comércio e do Desenvolvimento, Mogens Jensen, em um comunicado à AFP.

"Operação de punição"

A Rússia intensificou as declarações em favor de um cessar-fogo. Em uma conversa por telefone com o chefe de Governo italiano, Matteo Renzi, o presidente russo, Vladimir Putin, "ressaltou a necessidade de deter imediatamente a operação de punição do exército nas regiões do sudeste e instaurar um diálogo pacífico entre Kiev e os representantes das regiões" separatistas do leste.

Pouco antes, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, também havia pedido o fim imediato da violência de todas as partes envolvidas na Ucrânia. E respondendo a uma questão sobre a retomada pelo Exército do aeroporto de Donetsk, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou sua "preocupação com a violência observada no leste do país no último fim de semana", segundo seu porta-voz.

Ban "pede com insistência que a restauração do controle do Estado sobre instalações governamentais seja feita por meios exclusivamente pacíficos", disse o porta-voz. A maior ação militar de Kiev desde o início de uma operação contra os rebeldes separatistas, em meados de abril, foi conduzida no mesmo dia da confirmação da vitória do bilionário Poroshenko na eleição presidencial de domingo.

O quinto presidente eleito desde a independência da ex-república soviética, em 1991, anunciou que suas prioridades serão devolver a segurança ao país, após seis meses de uma crise sem precedentes. Poroshenko insistiu ainda que não negociaria com "terroristas" até a entrega das armas, em uma referência aos rebeldes pró-Rússia.
Nesta terça-feira (27/5), o presidente americano, Barack Obama, ligou para Petro Porochenko para parabenizá-lo por sua vitória nas eleições presidenciais, e informou que ele conta com o apoio total de Washington, segundo a Casa Branca. "Obama enfatizou a importância de realizar rapidamente as reformas necessárias na Ucrânia para unificar o país e desenvolver a economia", indicou a Presidência americana.

"Ambos os dirigentes concordaram em continuar com o diálogo durante a próxima viagem do presidente americano à Europa", acrescentou.

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