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Novo presidente da Ucrânia promete acabar com insurreição separatista

As ruas do centro da cidade de Donestk, no leste, estavam vazias hoje após os violentos combates pelo controle do aeroporto internacional

Agência France-Presse
postado em 28/05/2014 10:59

Donestk - O presidente eleito da Ucrânia, o empresário pró-Ocidente Petro Poroshenko, prometeu nesta quarta-feira (28/5) acabar rapidamente com a insurreição separatistas no leste do país, que pode provocar o corte do fornecimento do gás, afetando também a Europa. A Ucrânia deve pagar dois bilhões de dólares à empresa russa Gazprom como parte de um plano europeu que o país não aceita. As ruas do centro da cidade de Donestk, leste da Ucrânia, estavam vazias hoje após os violentos combates pelo controle do aeroporto internacional da localidade que deixaram pelo menos 40 mortos.


Pessoas exibem retratos de vítimas mortas em confrontos com a polícia em protestas na Ucrânia
O novo presidente ucraniano prometeu o fim da do terror no leste da Ucrânia, em uma entrevista ao jornal alemão Bild. "Vivemos uma situação de guerra no leste da Ucrânia. Devemos atuar", declarou. "Não vamos permitir por mais tempo que estes terroristas sequestrem e matem as pessoas, nem que ocupem edifícios e violem as leis", advertiu. Os governantes dos países europeus estimularam o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a ajudar o vizinho, usando sua influência com os rebeldes para acabar com a insurreição.

Mas a situação permanecia tensa no leste da Ucrânia, onde quatro observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) foram detidos na segunda-feira, supostamente em um posto de controle dos separatistas em Donetsk, e desde então não há notícias deles. O mediador da OSCE para a Ucrânia, o diplomata alemão Wolfgang Ischinger, afirmou que não descarta retirar os observadores da instituição do país se a situação for considerada muito perigosa.

[SAIBAMAIS]Donetsk, cidade fantasma

A cidade de Donestk estava deserta nesta quarta-feira (28), mas era possível ouvir tiros esporádicos após a devastadora batalha de dois dias pelo controle do aeroporto local. Nesta quarta-feira as ruas do centro da cidade permaneciam vazias, após um apelo do prefeito para que os moradores permanecessem em suas casas. Várias lojas estavam fechadas, com as portas protegidas por tábuas de madeira ou chapas de ferro para evitar saques. Muitos prédios comerciais também permaneceram fechados.



Ao mesmo tempo, caças sobrevoavam a cidade. Na área do aeroporto, que foi tomado no início da semana por insurgentes armados pró-Rússia, o trânsito permanecia proibido. As autoridades ucranianas anunciaram a retomada do aeroporto na manhã de terça-feira, após combates com o apoio de aviões e helicópteros.

O aeroporto de Donestk, uma cidade de quase um milhão de habitantes, passou por uma grande reforma em 2012 para a Eurocopa. As obras custaram um bilhão de dólares, segundo a imprensa ucraniana. De acordo com o governo da Polônia, um padre polonês, Pawel Witek, foi sequestrado em Donetsk na terça-feira e liberado nesta quarta-feira.

Ameaça do gás

Kiev e Moscou travam uma batalha pelo gás que preocupa os países europeus, que recebem 25% do gás que consomem da Rússia. Moscou ameaçou cortar no início de junho o gás para a Ucrânia se Kiev, que acumula dívidas com a Gazprom de mais de três bilhões de dólares, não pagar o valor de junho com antecedência (1,66 bilhão de dólares).

De acordo com o plano europeu, os dois países têm prazo até a noite de quarta-feira para aceitar um compromisso para que a Ucrânia pague uma primeira parcela de dois bilhões de dólares a Gazprom. Caso as duas partes aceitem o plano, na sexta-feira as negociações serão retomadas sobre o preço do gás para os próximos meses. A Ucrânia criticou o plano proposto pela União Europeia e pediu garantias sobre uma redução do preço antes de qualquer pagamento da dívida.

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