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Tensão aumenta ainda mais na Ucrânia com novos confrontos no leste

As autoridades ucranianas indicaram nesta quarta que estão trabalhando para libertar quatro observadores da OSCE mantidos pelos separatistas

Agência France-Presse
postado em 28/05/2014 19:03
Donestsk - A tensão aumentou ainda mais no leste separatista pró-Rússia da Ucrânia, onde um ataque de insurgentes contra uma unidade ucraniana foi cometido na noite desta quarta-feira (28/5) em Lugansk. Uma unidade da Guarda Nacional ucraniana formada por voluntários, com sede nessa cidade próxima à Rússia foi alvo de um ataque.

"Um combate está sendo travado. Houve perdas entre os soldados ucranianos e os agressores", indicou a Guarda Nacional em seu site. Em Donetsk, outra capital do leste rebelde, novos disparos foram ouvidos na manhã desta quarta no centro e na área próxima ao aeroporto, bloqueada desde os intensos combates de segunda-feira, que deixaram cerca de quarenta mortos, principalmente insurgentes.

Jornalistas da AFP viram durante a manhã caças sobrevoando a cidade. Várias lojas do centro de Donetsk estavam fechadas. As vitrines foram cobertas com placas de madeira ou metal devido ao medo de saques, enquanto o Palácio dos Esportes local tinha sido incendiado na véspera. As autoridades ucranianas indicaram nesta quarta que estão trabalhando para libertar quatro observadores da OSCE mantidos pelos separatistas desde a noite de segunda-feira em um local não determinado.

Durante a noite, a organização anunciou que uma outra equipe de observadores tinha ficado retida durante algumas horas em uma barreira montada em uma estrada perto de Donetsk. O mediador da OSCE para a Ucrânia, o diplomata alemão Wolfgang Ischinger, não descartou a retirada dos observadores da organização, se a situação ficar muito perigosa.

- Moscou quer medidas rápidas -

Levando adiante uma operação cada vez mais forte contra os rebeldes, a Ucrânia foi novamente ameaçada por um corte no fornecimento de gás por parte da Rússia que pode comprometer o abastecimento da Europa. Moscou e Kiev pareciam querer manter suas posições, apesar dos esforços dos europeus, que propõem termos nos quais a Ucrânia deve pagar dois bilhões de dólares do total de sua dívida antes de qualquer discussão em torno de uma redução no preço do gás.

Em visita à Alemanha, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, declarou que o pagamento da dívida pode ser feito apenas com um acordo sobre o preço. O ministro russo da Energia reiterou que nenhuma discussão vai ser feita sem um pagamento adiantado. "O Muro de Berlim caiu e nunca mais haverá um Muro de Berlim na Europa", disse Yatseniuk na capital alemã. Segundo ele, "o objetivo é que a Ucrânia se torne um país europeu com o novo presidente", o magnata pró-ocidental Petro Poroshenko, eleito no domingo.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, ligou para seus homólogos americano, John Kerry, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, para exigir gestos rápidos do governo ucraniano com o objetivo de acabar com o "banho de sangue". "Não pode haver justificativa para o prosseguimento da operação punitiva das autoridades de Kiev no sul e no leste" da Ucrânia, declarou Lavrov durante uma conversa por telefone com Steinmeier.



Já Petro Poroshenko prometeu "reagir" para impedir a manutenção do "terror". "Estamos em uma situação de guerra no leste da Ucrânia", declarou ele ao jornal Bild. "Não vamos deixar mais esses terroristas sequestrando e matando as pessoas (...), ocupando prédios públicos e ignorando as leis", acrescentou Poroshenko, que deve tomar posse no início de junho.

Ele também afirmou que quer conversar com Vladimir Putin para "que tranquilizem a situação e trabalhem pela paz", enquanto o conflito no leste já deixou cerca de 200 mortos desde meados de abril. Poroshenko e Putin poderão se cruzar na França, como convidados do governo francês para as cerimônias lembrando o Desembarque na Normandia, em 6 de junho.

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