Agência France-Presse
postado em 30/05/2014 11:19
O general Wojciech Jaruzelski, o último chefe de Estado da Polônia comunista cuja atuação segue dividindo o país, foi enterrado entre protestos nesta sexta-feira (30/5) no cemitério militar de Varsóvia.
Jaruzelski, que sofria de um câncer, morreu no domingo aos 90 anos, apenas alguns dias antes das cerimônias que lembram os 25 anos desde as eleições parcialmente livres na Polônia de 4 de junho, que marcaram a queda do comunismo.
Três dos presidentes eleitos democraticamente desde 1989 - incluindo o ícone anticomunista Lech Walesa, que liderou o combate pela liberdade do sindicato Solidariedade -, assistiram a missa católica na catedral militar.
O presidente Bronislaw Komorowski e o ex-presidente Aleksander Kwaniewski também compareceram à cerimônia religiosa, durante a qual dezenas de manifestantes seguraram cartazes acusando Jaruzelski de ser um "traidor".
Cem pessoas se concentraram posteriormente no histórico cemitério Powazki de Varsóvia mostrando fotografias das vítimas da brutal repressão após a lei marcial decretada em 1981 por Jaruzelski.
Os poloneses seguem divididos por sua tentativa de estrangular o movimento Solidariedade, o primeiro sindicato livre do leste da Europa.
Jaruzelski insistiu que o fez para evitar uma possível invasão soviética. Seus opositores seguem criticando sua entrega ao comunismo imposto à Polônia por Moscou após a Segunda Guerra Mundial.
Mas também foi ele quem permitiu à Polônia a transição pacífica da ditadura à democracia, ao negociar em 1989 com o Solidariedade as primeiras eleições parcialmente livres do país, conquistadas pelo movimento de Lech Walesa.
Jaruzelski nasceu em uma família católica no dia 6 de julho de 1923 em Kurow, no leste da Polônia, mas se tornou ateu quando entrou no Partido Comunista.
Dias antes de sua morte, pediu a um sacerdote a extrema-unção, informou o padre Robert Mokrsycki para explicar a realização da missa funerária.