Agência France-Presse
postado em 30/05/2014 11:29
As autoridades ucranianas afirmaram nesta sexta-feira (30;5)que ganharam terreno contra a insurgência separatista no leste, onde os combates são cada vez mais violentos e quatro novos observadores internacionais desapareceram.A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informou que perdeu contato com uma equipe de quatro estrangeiros e um tradutor ucraniano, detidos quinta-feira à noite por homens armados em Severodonetsk, na região de Lugansk.
Outra equipe de quatro observadores - um dinamarquês, um estoniano, um turco e um suíço - está desaparecida desde segunda-feira em Donetsk.
Alguns líderes separatistas indicaram inicialmente que estes foram detidos para uma verificação sobre espionaem, antes do "primeiro-ministro" da autoproclamada República de Donetsk, Alexander Borodai, declarar na quinta-feira à noite que não tinha informações sobre o assunto.
[SAIBAMAIS]Os desaparecimentos de observadores, enviados para trabalhar por uma pacificação na região, refletem a situação próxima à anarquia nesta região da Ucrânia, com sequestros, saques, bloqueios de estradas e edifícios públicos ocupados por homens armados.
Depois de um dia negro para as forças da Ucrânia com a perda de um helicóptero da Guarda Nacional (12 mortos), o ministro da Defesa, Mikhailo Koval, defendeu a ofensiva iniciada há quase dois meses, que Moscou descreve como "operação punitiva".
"Nossas Forças Armadas limparam completamente o sul e uma parte do oeste da região de Donetsk e o norte da região de Lugansk", afirmou o ministro durante uma coletiva de imprensa.
"Nós não permitiremos a propagação desta gangrena para regiões vizinhas", ressaltou. "Vamos continuar nossa operação antiterrorista (.. ) até que a vida normal seja retomada na região e a paz volte para o povo".
Combatentes chechenos
Mais de 200 pessoas - soldados ucranianos, separatistas e civis - foram mortos na operação "antiterrorista" lançada pelas autoridades ucranianas em 13 de abril, e que se intensificou nos últimos dias para reprimir a insurreição armada pró-Rússia orquestrada, segundo Kiev, por Moscou.
A Ucrânia pretende evitar a repetição do que aconteceu na Crimeia, que foi anexada à Rússia em março, em apenas algumas semanas.
Mas as autoridades enfrentam conflitos cada vez mais violentos, ao mesmo tempo que observam a aproximação de uma disputa sobre o gás, que a Rússia promete interromper o fornecimento na terça-feira, por falta de pagamento de uma dívida de cinco bilhões de dólares.
O helicóptero Mi-8 derrubado na quinta-feira, transportava homens para o rodízio de tropas, incluindo um general da Guarda Nacional, um corpo de voluntários. Ele foi atingido por um míssil terra-ar perto do reduto pró-russo de Slaviansk.
"Estes atos criminosos dos inimigos do povo ucraniano não ficarão impunes", reagiu Petro Poroshenko, eleito presidente no domingo passado.
A Casa Branca expressou preocupação após o ataque, que prova que os rebeldes pró-Rússia tiveram acesso a "armas sofisticadas".
Por sua vez, o secretário de Estado americano John Kerry expressou preocupação com o envolvimento de combatentes da Chechênia, república de maioria muçulmana do Cáucaso russo, "treinados na Rússia", que viajam para o leste da Ucrânia "para piorar as coisas, para entrar em combate".
O "primeiro-ministro" separatista Alexandre Borodai reconheceu esta semana a presença de chechenos para "proteger o povo russo".
O presidente checheno Ramzan Kadyrov negou ter enviado militares, sem excluir, no entanto, que alguns chechenos possam ter viajado por conta própria.
Negociações sobre o gás
O presidente recém-eleito, o bilionário pró-Ocidente Petro Poroshenko afirmou que deseja conversar com Vladimir Putin.
Os dois líderes estarão na França em 6 de junho, nas comemorações do Desembarque na Normandia, assim como o presidente americano Barack Obama.
Nesta sexta-feira, Kiev e Moscou deverão iniciar em Berlim negociações de emergência na presença do comissário europeu da Energia, Gunther Oettinger, para discutir a questão do gás.
Moscou exige que a Ucrânia pague suas dívidas (3,5 bilhões dólares) e também pague antecipadamente pelo fornecimento de gás em junho, enquanto Kiev exige preços mais baixos pelo gás, atualmente os mais altos da Europa.
Sem uma solução para este impasse, a companhia de gás russa Gazprom poderá suspender seu fornecimento na terça-feira.