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Semana decisiva para a Ucrânia, entre a guerra do gás e a diplomacia

Na segunda-feira, está prevista em Bruxelas uma reunião de emergência para discutir a ameaça de corte do fornecimento de gás pela Rússia à Ucrânia

Agência France-Presse
postado em 01/06/2014 12:16
Kiev - A Ucrânia terá de lidar esta semana com as ameaças de cortes de gás russo e a situação de absoluta anarquia no leste separatista pró-russo, enquanto o presidente eleito Petro Poroshenco participa de várias reuniões internacionais.

Na segunda-feira, está prevista em Bruxelas uma reunião de emergência para discutir a ameaça de corte do fornecimento de gás pela Rússia à Ucrânia, o que também poderia afetar outros países europeus.

Neste domingo, o primeiro-ministro ucraniano Arseni Yatseniuk prometeu o pagamento em 10 dias de sua dívida de gás, caso os dois países cheguem em um acordo na segunda-feira sobre os termos de um novo contrato.

"Nós vamos pagar nossas contas", prometeu Yatseniuk em uma entrevista à televisão pública alemã ZDF. "Primeiro devemos assinar o contrato e, dez dias depois, a Ucrânia pagará", indicou.

As conversas vão se concentrar no preço do gás, já que a Ucrânia se recusa a pagar o valor atual, o mais alto em toda a Europa, imposto após a chegada ao poder nas novas autoridades pró-ocidentais.

Os analistas do banco público russo VTB Capital sugeriram que a Gazprom abaixe o preço para US$ 350 por 1.000 m3, em comparação com os 485 dólares cobrados atualmente.



Nas negociações de sexta-feira em Berlim, Kiev anunciou o pagamento de parte de sua dívida (786 milhões de dólares de um total de 3,5 bilhões).

Contatos internacionais

Eleito em 25 de maio com mais de 54 % dos votos, o bilionário pró-ocidental Petro Poroshenko se reunirá com vários líderes internacionais nas próximas semanas.

Na quarta-feira, o presidente se encontrará na Polônia com o americano Barack Obama, cujo apoio é crucial para um país à beira de uma guerra civil.

Pouco depois, participará das cerimônias oficiais do Desembarque na Normandia, na presença do presidente russo Vladimir Putin.

"Essas reuniões são muito importantes para entrar em contato diretamente com líderes internacionais, começando com Barack Obama. A Ucrânia deve criar uma estratégia no leste e ver como os Estados Unidos podem ajudar", considera o analista político Volodymyr Fesenko.

"Também não podemos excluir um encontro com Vladimir Putin. Seria importante entender quais concessões podem ser feitas", continuou o especialista.

Poroshenko assegurou que deseja dialogar com Moscou, mas garantiu que não deixará os rebeldes, a quem chama de "terroristas", transformar a região rebelde em uma "nova Somália", um país em guerra civil há mais de 20 anos.

A Rússia, que nega estar envolvida na desestabilização da Ucrânia, exige o fim da "operação punitiva" lançada por Kiev no leste, que deixou quase 200 mortos, incluindo soldados, rebeldes e civis.

Mas Kiev denuncia a presença de cidadãos russos entre os insurgentes.

A polícia de fronteiras informou neste domingo ter detido um russo 38 anos que teria participado na campanha russa na Chechênia e que teria vindo lutar ao lado dos separatistas em Lugansk.

Donetsk, uma cidade fantasma

As autoridades ucranianas garantem ter ganhado terreno frente aos insurgentes, mas, no terreno, a situação está cada vez mais tensa, especialmente após os intensos combates no início desta semana pelo controle do aeroporto internacional de Donetsk, que deixou cerca de quarenta mortos, em sua maioria combatentes chechenos.

O aeroporto, que permanece fechado, está nas mãos do Exército ucraniano, que alega ter sofrido dois ataques de insurgentes no sábado.

Donetsk, um centro industrial de cerca de um milhão de habitantes, parece cada vez mais como uma cidade fantasma, com ruas desertas e numerosos postos de controle , de acordo com jornalistas da AFP .

Neste contexto, a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) indicou neste domingo que continua sem informações sobre as duas equipes de observadores desaparecidas na região.

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