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Polícia dispersa nova manifestação na Turquia com gases e jatos d'água

Os policiais dispersaram as cerca de 500 pessoas que se encontravam no centro da capital, onde pretendiam recordar a morte de um manifestante de 26 anos baleado pela polícia há exatamente um ano no mesmo local

Agência France-Presse
postado em 01/06/2014 13:48
Ancara - A polícia antidistúrbios turca disparou neste domingo (1;/6) gases lacrimogêneos e jatos de água para dispersar manifestantes em Ancara, no dia seguinte a violentos confrontos pelo aniversário dos protestos de 2013.

Os policiais dispersaram as cerca de 500 pessoas que se encontravam na praça Kizilay, centro da capital, onde pretendiam recordar a morte de um manifestante de 26 anos baleado pela polícia há exatamente um ano no mesmo local.

Ethem Sarisuluk foi uma das oito vítimas fatais dos confrontos de junho de 2013, nos quais a polícia reprimiu com violência uma concentração para evitar obras de reforma de um parque de Istambul.

Na véspera, a polícia também disparou gases lacrimogêneos e utilizou canhões de água contra manifestantes que recordavam o primeiro aniversário dos protestos antigovernamentais de 2013.

A polícia enfrentou centenas de manifestantes perto da simbólica praça Taksim de Istambul, isolada por unidades antidistúrbios.

A polícia também usou gases lacrimogêneos e canhões de água contra cerca de mil manifestantes na praça Kizilay.

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan havia desafiado seus adversários que planejavam novas manifestações para denunciar o crescente autoritarismo de seu governo.


Poucas horas antes da manifestação anunciada por um coletivo de ONGs, sindicatos e membros da sociedade civil, Erdogan reagiu com firmeza, garantindo que as forças de ordem fariam "o que fosse necessário, de A a Z", para impedir a realização do protesto.

"Vocês não podem ocupar Taksim como fizeram no ano passado, porque vocês têm que respeitar a lei", acrescentou diante de milhares de simpatizantes.

As autoridades turcas mobilizaram mais de 25.000 homens e cinquenta canhões de água para conter os manifestantes, sugerindo novos confrontos. Ao meio-dia, também fecharam o famoso Parque Gezi.

Foi neste jardim público, no centro da parte europeia da maior cidade da Turquia, que nasceu a onda de contestação que fez tremer pela primeira vez o regime Erdogan, que reina incontestadamente sobre o país desde 2003.

Na manhã de 31 de maio de 2013, a polícia expulsou violentamente do parque algumas centenas de ativistas ambientais que se opunham a sua destruição. Alimentados pela repressão, o movimento cresceu para se transformar em uma revolta política sem precedentes contra o poder islâmico-conservador.

Cerca de 3,5 milhões de turcos -número oficial da polícia- marcharam contra Erdogan em toda a Turquia durante as três primeiras semanas de junho.

Desde a revolta no ano passado, o chefe de governo se concentra em abafar qualquer indício de dissidência.

Ao longo dos meses, centenas de manifestantes foram levados à justiça . Além disso, Erdogan adotou uma série de leis para fortalecer seu domínio sobre o Poder Judiciário e as redes sociais, e aumentou os poderes dos serviços de inteligência.

Apesar de um escândalo de corrupção que arranhou a imagem de seu regime, Erdogan venceu com folga as eleições municipais de 30 de março e agora se prepara para anunciar sua candidatura à presidência de 10 a 24 de agosto.

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