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Confrontos no Leste da Líbia matam 21 pessoas, entre militares e civis

Desde a queda do regime de Muamar Kadhafi em 2011, as autoridades líbias foram incapazes de restabelecer a ordem neste país afundado no caos

Agência France-Presse
postado em 02/06/2014 12:12
Bengasi - Novos confrontos nesta segunda-feira (2/6) entre as forças leais ao general Khalifa Haftar e grupos islamitas em Benghazi, no leste da Líbia, deixaram pelo menos 21 mortos, duas semanas depois da ofensiva contra grupos terroristas lançada por esse general dissidente em um país mergulhado no caos.

Os confrontos deixaram pelo menos 21 mortos, incluindo 11 militares, e 112 feridos, de acordo com um registro apresentado por hospitais da cidade.

Esses confrontos são os mais violentos desde que o general Haftar iniciou sua campanha "Dignidade" no dia 16 de maio para erradicar os grupos terroristas no leste.



Desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, as autoridades líbias, que ainda não reagiram a esse ataque, foram incapazes de restabelecer a ordem.

O coronel Saad al-Werfeli, comandante da base aérea de Benghazi e leal ao general dissidente, declarou que os combates eclodiram depois de um ataque com armas pesadas de grupos islamitas contra um acampamento militar do Exército líbio.

Cidade paralisada

Esses grupos bombardearam na manhã desta segunda o "Campo 21", que faz parte das unidades de elite líbias em Benghazi que deram apoio ao general Haftar, disse o coronel Werfeli.

O registro de mortos e feridos foi aumentando durante a manhã.

Os integrantes da Força Aérea leais ao general dissidente responderam com ataques aéreos contra os criminosos, acrescentou este oficial. As imagens divulgadas nas redes sociais mostram um helicóptero disparando mísseis contra posições dos supostas milícias extremistas.

Antes mesmo do lançamento da operação "Dignidade", as forças especiais do Exército enfrentavam os grupos jihadistas, em particular o Ansar Asharia, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos.

O comandante das forças especiais, Wanis Abu Kamada, manifestou seu apoio à operação de Haftar, mas não informou se estava as suas ordens.

O aumento da violência levou à suspensão das provas de final de ano letivo nas escolas de Benghazi, segundo o Ministério da Educação, enquanto os hospitais lançaram uma campanha por doação de sangue.

Famílias inteiras ficaram presas em meio ao fogo cruzado, principalmente na região de Sidi Fradj, reduto do Ansar Asharia, segundo testemunhas.

A cidade está quase paralisada, mesmo após a trégua durante a tarde.

Desconfiança

Médicos e autoridades pediram para que os civis sejam poupados.

"Parem de atacar civis, Benghazi sofre e a população está farta", declarou a Dra. Leila Bugiguis, lamentando a incapacidade do Estado de estabilizar a situação na cidade, berço da revolta de 2011 contra Kadhafi.

Mohamed al-Hijazi, porta-voz da força paramilitar do Khalifa Haftar, pediu que os moradores deixem a zona de combate.

O general Haftar, de 71 anos, que afirma ter um "mandato" do povo para lutar contra o "terrorismo", declarou na semana passada que não haveria como voltar atrás em sua ofensiva.

Mas desde o lançamento da operação, em 16 de maio, as forças de Haftar se contentaram em efetuar ataques aéreos contra supostas posições de grupos radicais armados.

O general dissidente diz que sua operação continuará. Mas seus críticos islamitas minimizam o impacto dessas operações: "Haftar lançou mais comunicados à imprensa do que balas", afirmaram ironicamente nas redes sociais.

A operação "Dignidade" foi recebida com grande desconfiança entre os próprios aliados do general Haftar, que participou da rebelião contra o regime de Kadhafi e que garante que o seu objetivo final é "erradicar o terrorismo". No entanto, dúvidas ainda pairam sobre suas reais intenções.

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