Agência France-Presse
postado em 02/06/2014 16:18
Lugansk - Violentos combates envolvendo atiradores, morteiros e lançadores de foguetes foram registrados nesta segunda-feira (2/6) entre os guardas de fronteira e separatistas pró-russos em Lugansk, no leste da Ucrânia, enquanto Washington acusa a Rússia de desestabilizar a região, fornecendo armas e permitindo a passagem de combatentes.
O Ministério russo das Relações Exteriores denunciou um "crime" das autoridades de Kiev "contra seu próprio povo" após esses confrontos, os mais intensos desde a batalha pelo controle do aeroporto de Donetsk há uma semana, que deixou mais de 40 mortos, principalmente rebeldes de nacionalidade russa.
Um grande ataque cometido no meio da noite por cerca de cem rebeldes contra a sede regional dos guardas de fronteira, nos arredores de Lugansk, deu uma trégua na tarde de segunda-feira. Mas os combates logo recomeçaram, segundo os guardas de fronteira, que indicaram oito feridos entre seus homens e cinco separatistas mortos.
Antes, o edifício havia sido alvo de disparos feitos por homens posicionados no alto de dois prédios residenciais de nove andares. Eles receberam o apoio de insurgentes nas ruas, armados com fuzis e lança-foguetes. O "primeiro-ministro" da República autoproclamada de Lugansk, Vassil Nikitin, declarou à AFP ter visto quatro mortos, entre eles a "ministra da Saúde de seu governo" e civis.
Na mesma cidade, uma explosão na sede da administração regional deixou dois mortos, segundo uma autoridade dos serviços médicos em declarações à agência Interfax Ukraine.
Trégua na guerra do gás
Os Estados Unidos afirmaram nesta segunda-feira que possuem evidências de que Moscou continua a facilitar a passagem de combatentes e armas para o leste da Ucrânia. A Rússia sempre negou as acusações sobre seu envolvimento na desestabilização da Ucrânia e exige que Kiev pare a "operação punitiva" no leste.
Nesta segunda, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, pediu "corredores humanitários" no leste da Ucrânia em um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU. A violência nesta parte do país já fez quase 200 mortos, entre soldados, rebeldes e civis, desde o seu início em 13 de abril.
A crise energética teve uma pausa. A Rússia concedeu a Kiev uma trégua de uma semana até 9 de junho, ao adiar o ultimato sobre o gás e a ameaça de um corte de fornecimento que preocupa a Europa, alvo de negociações em Bruxelas. Poucas horas antes do início das negociações em Bruxelas, o CEO da Gazprom, Alexei Miller, confirmou ter recebido um pagamento de 786 milhões dólares de Kiev, recordando que a dívida total é de 2,3 bilhões de dólares.
A empresa também abrandou sua posição sobre a questão do fornecimento de gás após 1; de abril, quando o preço do gás foi fixado a um preço incomparável na Europa. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, prometeu no domingo que a Ucrânia iria pagar no prazo de dez dias sua dívida de gás com a Rússia, caso os dois países cheguem a um acordo nesta segunda-feira sobre os termos de um novo contrato. Para o especialista ucraniano Yuri Koroltchouk, a Ucrânia "tem ganhado tempo" para que o presidente Petro Poroshenko, que será empossado em 7 de junho, possa liderar as negociações.
Semana decisiva
Eleito em 25 de maio com mais de 54% dos votos, o bilionário pró-ocidental Petro Poroshenko se reunirá com vários líderes internacionais nas próximas semanas. Na quarta-feira (4/6), o presidente se reunirá na Polônia com o americano Barack Obama, um aliado crucial para um país à beira de uma guerra civil.
Pouco depois, participará das cerimônias oficiais do Desembarque na Normandia, na presença do presidente russo Vladimir Putin. Mas será o primeiro-ministro britânico que discutirá com o chefe do Kremlin na Normandia sobre a crise na Ucrânia, quando deverá "insistir sobre a importância de um diálogo entre o governo russo e o novo governo ucraniano".
A crise deverá pesar em cada etapa de Barack Obama na Europa esta semana, da Polônia à Normandia, passando por uma cúpula do G7 em Bruxelas na quinta-feira. Este encontro substitui a cúpula do G8, originalmente planejada para acontecer na Rússia no mesmo dia, mas que foi cancelada devido à crise ucraniana e à expulsão dos russos do grupo.
Poroshenko pode discutir com ele uma ajuda militar americana à Ucrânia. Em visita a Kiev nesta segunda-feira, o assistente do secretário de Defesa americano, Derek Chollet, disse ter conversado com as autoridades ucranianas sobre uma "ajuda de US$ 18 milhões e uma cooperação de longo prazo para reforçar as estruturas de defesa ucranianas".
Kiev e os Estados Unidos denunciam a presença de cidadãos russos no leste, incluindo chechenos, e o fornecimento de armas para eles. "Há evidências de que a Rússia continua a permitir o livre fluxo de armas, dinheiro e combatentes através das suas fronteiras" com a Ucrânia, afirmou nesta segunda-feira o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, em um discurso em Washington.
Enquanto isso, a situação está cada vez mais tensa. O caos tomou conta de Donetsk, um centro industrial de cerca de um milhão de habitantes. O editor de um jornal regional foi sequestrado nesta segunda por homens armados que invadiram a redação, segundo seus colegas. E a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) continua sem notícias sobre suas duas equipes que desapareceram na região, e que estão, provavelmente, em poder de separatistas.
O Ministério russo das Relações Exteriores denunciou um "crime" das autoridades de Kiev "contra seu próprio povo" após esses confrontos, os mais intensos desde a batalha pelo controle do aeroporto de Donetsk há uma semana, que deixou mais de 40 mortos, principalmente rebeldes de nacionalidade russa.
Um grande ataque cometido no meio da noite por cerca de cem rebeldes contra a sede regional dos guardas de fronteira, nos arredores de Lugansk, deu uma trégua na tarde de segunda-feira. Mas os combates logo recomeçaram, segundo os guardas de fronteira, que indicaram oito feridos entre seus homens e cinco separatistas mortos.
Antes, o edifício havia sido alvo de disparos feitos por homens posicionados no alto de dois prédios residenciais de nove andares. Eles receberam o apoio de insurgentes nas ruas, armados com fuzis e lança-foguetes. O "primeiro-ministro" da República autoproclamada de Lugansk, Vassil Nikitin, declarou à AFP ter visto quatro mortos, entre eles a "ministra da Saúde de seu governo" e civis.
Na mesma cidade, uma explosão na sede da administração regional deixou dois mortos, segundo uma autoridade dos serviços médicos em declarações à agência Interfax Ukraine.
Trégua na guerra do gás
Os Estados Unidos afirmaram nesta segunda-feira que possuem evidências de que Moscou continua a facilitar a passagem de combatentes e armas para o leste da Ucrânia. A Rússia sempre negou as acusações sobre seu envolvimento na desestabilização da Ucrânia e exige que Kiev pare a "operação punitiva" no leste.
Nesta segunda, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, pediu "corredores humanitários" no leste da Ucrânia em um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU. A violência nesta parte do país já fez quase 200 mortos, entre soldados, rebeldes e civis, desde o seu início em 13 de abril.
A crise energética teve uma pausa. A Rússia concedeu a Kiev uma trégua de uma semana até 9 de junho, ao adiar o ultimato sobre o gás e a ameaça de um corte de fornecimento que preocupa a Europa, alvo de negociações em Bruxelas. Poucas horas antes do início das negociações em Bruxelas, o CEO da Gazprom, Alexei Miller, confirmou ter recebido um pagamento de 786 milhões dólares de Kiev, recordando que a dívida total é de 2,3 bilhões de dólares.
A empresa também abrandou sua posição sobre a questão do fornecimento de gás após 1; de abril, quando o preço do gás foi fixado a um preço incomparável na Europa. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, prometeu no domingo que a Ucrânia iria pagar no prazo de dez dias sua dívida de gás com a Rússia, caso os dois países cheguem a um acordo nesta segunda-feira sobre os termos de um novo contrato. Para o especialista ucraniano Yuri Koroltchouk, a Ucrânia "tem ganhado tempo" para que o presidente Petro Poroshenko, que será empossado em 7 de junho, possa liderar as negociações.
Semana decisiva
Eleito em 25 de maio com mais de 54% dos votos, o bilionário pró-ocidental Petro Poroshenko se reunirá com vários líderes internacionais nas próximas semanas. Na quarta-feira (4/6), o presidente se reunirá na Polônia com o americano Barack Obama, um aliado crucial para um país à beira de uma guerra civil.
Pouco depois, participará das cerimônias oficiais do Desembarque na Normandia, na presença do presidente russo Vladimir Putin. Mas será o primeiro-ministro britânico que discutirá com o chefe do Kremlin na Normandia sobre a crise na Ucrânia, quando deverá "insistir sobre a importância de um diálogo entre o governo russo e o novo governo ucraniano".
A crise deverá pesar em cada etapa de Barack Obama na Europa esta semana, da Polônia à Normandia, passando por uma cúpula do G7 em Bruxelas na quinta-feira. Este encontro substitui a cúpula do G8, originalmente planejada para acontecer na Rússia no mesmo dia, mas que foi cancelada devido à crise ucraniana e à expulsão dos russos do grupo.
Poroshenko pode discutir com ele uma ajuda militar americana à Ucrânia. Em visita a Kiev nesta segunda-feira, o assistente do secretário de Defesa americano, Derek Chollet, disse ter conversado com as autoridades ucranianas sobre uma "ajuda de US$ 18 milhões e uma cooperação de longo prazo para reforçar as estruturas de defesa ucranianas".
Kiev e os Estados Unidos denunciam a presença de cidadãos russos no leste, incluindo chechenos, e o fornecimento de armas para eles. "Há evidências de que a Rússia continua a permitir o livre fluxo de armas, dinheiro e combatentes através das suas fronteiras" com a Ucrânia, afirmou nesta segunda-feira o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, em um discurso em Washington.
Enquanto isso, a situação está cada vez mais tensa. O caos tomou conta de Donetsk, um centro industrial de cerca de um milhão de habitantes. O editor de um jornal regional foi sequestrado nesta segunda por homens armados que invadiram a redação, segundo seus colegas. E a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) continua sem notícias sobre suas duas equipes que desapareceram na região, e que estão, provavelmente, em poder de separatistas.