Agência France-Presse
postado em 02/06/2014 19:03
Paris - A Europa enfrenta uma "séria" ameaça para seu abastecimento energético, com queda na demanda de gás e redução de quase 30% da sua capacidade de produção nos próximos dois anos, de acordo com informações do grupo Cedigaz divulgadas nesta segunda-feira (2/6).A demanda por gás na União Europeia registra queda de um terço nos últimos três anos devido à competição com as importações de carvão mais barato dos Estados Unidos, ao uso crescente de fontes de energia sustentáveis e a uma demanda mais fraca, informou o Centro Internacional de Informação sobre Gás Natural.
O preço do carvão recuou 32% entre meados de 2011 e o final do ano passado, perdendo espaço para o abastecimento de gás de xisto americano.
Ao mesmo tempo, o aumento nos preços do petróleo puxaram os preços do gás a 42% entre 2010 e 2013.
Como resultado, o gás tem perdido espaço rapidamente no mercado energético europeu, e 30% da capacidade de produção de gás pode ser desativada entre 2015-2016, segundo a associação.
"O paradoxo europeu: apesar das inúmeras vantagens do gás sobre o carvão, os preços do carvão e do CO2 ditam a preferência pelo carvão", afirma a Cedigaz no relatório.
"A demanda por gás recuou 51 bilhões de metros cúbicos nos últimos três anos, um total anual equivalente ao mercado de gás da França. Em contraste, a demanda de gás cresceu 10% entre 2010 e 2012."
O desafio adicional para o abastecimento energético na Europa é que as antigas usinas de carvão devem ser fechadas em razão de normas ambientais mais rigorosas e pelo desenvolvimento de energias renováveis.
A Cedigaz advertiu que as regulações da UE em emissões poluentes podem representar um corte entre 65 e 70 gigawatts (GW) da capacidade energética de carvão no período 2020-2023.
"No total, uma capacidade de 115-120 GW, que representa um terço da capacidade gerada por gás e carvão na UE, está sendo suspensa ou sob o risco de interrupção, o que representa um sério desafio para a segurança do abastecimento", diz o relatório.
A fim de evitar a potencial crise energética, a organização indicou uma nova estrutura de mercado, incluindo o crescimento no preço do CO2 pago pelas empresas, a redução no preço do gás e a retomada de confiança no mercado para atrair investimentos.
"Na falta de um sinal no preço do carbono, o retorno da demanda por gás na matriz energética da UE não está prevista para esta década", afirma o relatório.