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Obama tenta tranquilizar aliados do leste europeu com plano de US$ 1 bi

Os Estados Unidos, por sua vez, alegaram ter "evidências" de que Moscou continua a passar "combatentes" e "armas" no leste da Ucrânia

Agência France-Presse
postado em 03/06/2014 15:29
Varsóvia - O presidente Barack Obama propôs nesta terça-feira (3/6), em Varsóvia, um plano de segurança de um bilhão de dólares para tranquilizar seus aliados do leste europeu, preocupados com a atitude de Moscou na Ucrânia, onde o Exército intensificou sua ofensiva contra os separatistas pró-russos.

O presidente dos Estados Unidos desembarcou nesta terça na Polônia com este objetivo centrando sua agenda, acalmar os aliados do leste da Europa, e o plano proposto, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso americano, prevê a mobilização de novas forças americanas, terrestres, aéreas e navais, no leste europeu.

Também permitiria aos países que não integram a Otan, como Ucrânia, Geórgia e Moldávia, a trabalhar com Washington e seus aliados ocidentais para construir os próprios sistemas de defesa, segundo a Casa Branca. Obama pediu que seus aliados europeus aumentem os gastos militares, lamentando os cortes nesta área na Europa pela crise econômica, em uma coletiva de imprensa depois de se reunir com seu colega polonês, Borislaw Komorowski.

O presidente americano também solicitou que a Rússia use sua influência ante os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia para que detenham seus ataques às tropas governamentais, e impeçam a chegada de combatentes e armas à região.E advertiu que uma nova provocação russa na Ucrânia pode levar a novas sanções econômicas.

A coletiva de imprensa aconteceu em um momento no qual os confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-Moscou são especialmente intensos. A aviação ucraniana "eliminou" vários insurgentes na região de Lugansk, segundo o presidente interino Olexander Turchynov.

A ofensiva iniciada há quase dois meses por Kiev deixou mais de 200 mortos entre os insurgentes, as tropas ucranianas e a população civil. Nos últimos dias, os confrontos ficaram mais violentos ante a perspectiva de contatos diplomáticos que começaram com a chegada do presidente americano à Polônia.Obama reiterou pouco depois de desembarcar em Varsóvia seu compromisso com a segurança da região.

"Nosso compromisso com a segurança da Polônia, assim como com a de seus aliados no centro e leste da Europa, é um pilar para nossa própria segurança e é sacrossanto", disse Obama depois de passar em revista uma unidade conjunta de pilotos de caças F-16 americanos e poloneses. Obama foi convidado por Varsóvia para as comemorações do 25; aniversário das primeiras eleições democráticas após a queda do comunismo na Polônia, ex-membro do bloco soviético.

Sua presença é especialmente simbólica, levando em consideração a crise ucraniana, a maior fonte de tensão entre Estados Unidos e Rússia desde a Guerra Fria.Também estarão presentes em Varsóvia os presidentes francês e alemão, François Hollande e Joachim Gauck, assim como vários dirigentes de países do leste e centro da Europa.

Forte apoio

Durante a noite está prevista a chegada do presidente eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko, em sua primeira viagem ao exterior desde que foi eleito em 25 de maio com 54,7% dos votos.Poroshenko se reunirá na quarta-feira com Obama, que expressará apoio ao novo regime de Kiev, e pode negociar uma ajuda militar americana à Ucrânia.


Outro sinal de apoio ocidental: o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, anunciou que viajará à Kiev para assistir a posse de Poroshenko. Em visita à Ucrânia na segunda-feira, o assistente do secretário americano da Defesa, Derek Chollet, indicou ter discutido com as autoridades ucranianas sobre uma "ajuda de 18 milhões de dólares e uma cooperação de longo prazo para reforçar as estruturas de defesa ucranianas".

Esses encontros ocorrem em um momento de particular tensão. Após os confrontos na segunda-feira entre os guardas de fronteira e separatistas pró-russos em Lugansk, o ministério russo das Relações Exteriores denunciou um "crime" das autoridades de Kiev "contra o seu próprio povo". Os Estados Unidos, por sua vez, alegaram ter "evidências" de que Moscou continua a passar "combatentes" e "armas" no leste da Ucrânia. A Rússia sempre negou as acusações sobre seu envolvimento na desestabilização da Ucrânia e exige de Kiev o fim da "operação punitiva" lançada no leste.

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