Ramallah - Israel intensificou nesta quinta-feira a política de assentamentos com o anúncio da construção de 3.300 casas nas colônias da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, em represália pela formação de um governo de unidade palestino, decisão contra a qual os palestinos prometem recorrer às Nações Unidas.
"O Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Assembleia Geral (são) a maneira correta de colocar um freio a esta grave violação e de garantir a prestação de contas", afirma em um comunicado Hanan Ashrawi, integrante da direção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
O ministério israelense da Habitação abriu na manhã desta quinta-feira um processo de licitação para construir 1.100 casas na Cisjordânia ocupada e 400 na anexada Jerusalém Oriental.
"Eu saúdo a decisão de dar a resposta sionista apropriada ao estabelecimento do governo palestino do terror", afirmou à rádio militar o ministro israelense da Habitação, Uri Ariel, que pertence ao partido nacionalista religioso e pró-colonização Lar Judeu.
Estados Unidos, ONU, União Europeia, Rússia e a comunicada internacional receberam favoravelmente o novo governo palestino de "unidade nacional", composto por personalidades independentes e apoiado pelo movimento islamita Hamas.
O reconhecimento internacional enfureceu as autoridades israelenses. Depois de tomar conhecimento da intenção palestina de denunciar as colônias às Nações Unidas, o governo israelense ordenou o desbloqueio de um plano de construção de 1.800 casas nas colônias.
Segundo a imprensa israelense, o governo havia paralisado há três meses o projeto, que prevê a construção de residências em 10 localidades da Cisjordânia ocupada.
Para Nimr Hamad, conselheiro do presidente palestino Mahmud Abbas, "com esta decisão Netanyahu quer levar os palestinos ao confronto ou à internacionalização do conflito".
Uma fonte da administração palestina que pediu para não ser identificada afirmou que os dirigentes palestinos, que pediram ao governo dos Estados Unidos a adoção de "medidas sérias" contra Israel, "pensam seriamente em levar aos assentamentos aos tribunais internacionais".
Sanções israelenses
Desde que a Palestina obteve o status de Estado Observador da ONU em 2012, as autoridades palestinas ameaçaram iniciar ações legais contra a construção de colônias por Israel no Tribunal Penal Internacional de Haia.
A obtenção da posição de Estado Observador abre para a Palestina o acesso a várias convenções e organizações internacionais.
No início de abril, Abbas assinou pedidos de adesão da Palestina a 15 acordos e tratados internacionais, incluindo a Convenção de Genebra sobre a proteção de civis, após a decisão de Israel de não libertar um grupo de prisioneiros palestinos.
O governo de Israel se considerou "traído" pela decisão do aliado Estados Unidos de reconhecer o governo palestino e criticou a participação no Executivo de união da "organização terrorista Hamas".
O Estado hebreu também ameaçou adotar sanções adicionais contra a Autoridade Palestina de Abbas. Uma fonte do ministério da Defesa informou à AFP na terça-feira que Israel havia congelado o pagamento de 5,8 milhões de dólares dos 117 milhões de dólares de IVA e impostos alfandegários, que deve repassar a cada mês à administração palestina.
Além disso, Israel impede que os novos ministros palestinos circulem livremente entre as zonas administradas pela Autoridade Palestina na Cisjordânia e a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
"Netanyahu busca uma desculpa para evitar dar uma oportunidade à solução dos dois Estados", lamentou o diretor da ONG ;A Paz Agora;, Yariv Oppenheimer, contrária à colonização.
O número de casas construídas nas colônias israelenses da Cisjordânia dobrou em 2013 na comparação com o ano anterior, passando de 1.133 a 2.354, segundo números oficiais israelenses.
A população das colônias judaicas na Cisjordânia ocupada alcançará em 2014 o total de 375.000 pessoas, um aumento de 4,2% na comparação com 2013. O direito internacional considera ilegais todas as colônias israelenses.