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G7 pressiona Vladimir Putin para solucionar crise na Ucrânia

O presidente russo viajou a Paris para participar das comemorações do Desembarque Aliado na Normandia, há 70 anos

Agência France-Presse
postado em 05/06/2014 20:42
Os líderes do G7 demonstraram nesta quinta-feira (5/6) unidade e seu apoio à Ucrânia antes das várias reuniões bilaterais com o presidente russo, Vladimir Putin, em Paris, para exigir a desativação da crise ucraniana.

Putin não pôde participar do encontro em Bruxelas por "desestabilizar" a Ucrânia, como acertaram os líderes de Estados Unidos, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Japão, Canadá e Itália.

O presidente russo viajou diretamente a Paris para participar das comemorações do Desembarque Aliado na Normandia, há 70 anos.

Em um primeiro encontro na capital francesa, com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o líder russo ouviu que é "inaceitável" o status quo da tensão militar com Kiev, segundo declarações do próprio premier à BBC.

"A Rússia deve reconhecer formalmente e trabalhar com o novo presidente" ucraniano, Petro Poroshenko, declarou Cameron.

As imagens da TV de parte do encontro mostraram um Putin tenso e Cameron muito sério. Em seguida, Putin se encontrou com seu anfitrião, o presidente francês, François Hollande, que ofereceu ao líder russo um jantar, cujo prato principal foi "a crise na Ucrânia".

Hollande conversou "sobre a possibilidade de Putin e Poroschenko acertarem as condições para se deter a escalada na Ucrânia, o que poderia acontecer nos próximos dias", disse uma fonte ligada ao líder francês, que citou a posse do novo presidente, no sábado, em Kiev.

Putin deve se reunir ainda com o presidente americano, Barack Obama, e com a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Não tenho dúvidas de que verei Putin", afirmou Obama nesta quinta-feira. "Se eu tiver oportunidade de falar com ele, transmitirei a mesma mensagem do início da crise", acrescentou.

"O G7 se mantém unido na resposta à Rússia", declarou o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que participou da reunião do G7.

"A anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e as ações destinadas a desestabilizar o leste da Ucrânia são inaceitáveis e devem cessar", expressaram ao final do encontro os líderes de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão.

O G7 também insta Putin a retirar suas tropas da fronteira com a Ucrânia, a cessar o "apoio" aos separatistas, a cooperar com o presidente eleito ucraniano e a alcançar um acordo sobre o abastecimento de gás à ex-república soviética.

Caso estas "condições" não sejam cumpridas, o G7 está disposto a "implementar sanções que imponham maior custo à Rússia, dependendo dos acontecimentos".

"A Rússia deve aproveitar esta oportunidade, lançar um diálogo com o governo ucraniano e convencer (os separatistas) a pararem com a violência e a deixarem suas armas", disse o presidente americano Barack Obama em uma coletiva de imprensa.

"Veremos o que Putin fará nas próximas duas, três, quatro semanas", afirmou. Mas "caso as provocações russas continuem, está claro, com as discussões que tivemos aqui, que os países do G7 estão dispostos a impôr custos adicionais à Rússia por meio de sanções, advertiu.

Se a Rússia não cumprir as condições enumeradas pelo G7, os líderes voltarão a se reunir para avaliar os passos seguintes, ressaltou Merkel.

Já David Cameron pediu ao presidente russo Vladimir Putin que reconheça formalmente e trabalhe com o novo presidente ucraniano.

"É preciso impedir a entrada de armas e de homens na Ucrânia através da fronteira", declarou também o premiê falando à BBC.

- Energia, crescimento e emprego -

Em sua declaração final o G7 considera "inaceitável" o uso do "abastecimento energético com fins de coerção política ou como ameaça à segurança".

A União Europeia (UE), os Estados Unidos e a Ucrânia acusam a Rússia de usar o abastecimento de gás como uma "arma energética". Moscou adiou até 10 de junho a ameaça de cortar o gás de Kiev, caso as faturas sem pagamento -que somam mais 3 bilhões de dólares- não sejam quitadas.

Kiev já pagou à companhia russa Gazprom 786 milhões de dólares no final de semana passada, o que permitiu que fosse prorrogada a data limite estabelecida por Moscou para passar a um sistema de pagamento antecipado para suas entregas de gás.

Para a UE o tema é primordial, já que pela Ucrânia transitam 65 mil dos 133 bilhões de m3 de gás vendido pela Rússia, e uma interrupção do abastecimento à Ucrânia pode traduzir-se no fim do abastecimento de gás aos clientes europeus da Gazprom.



Entre os outros temas da agenda, destaca-se também a situação econômica, quando todos os sinais indicam que a pior crise econômica em décadas começa a ceder.

O reforço do setor financeiro, a luta contra a evasão fiscal e o impulso à liberalização do comércio internacional constam no projeto de declaração final, com foco especial em "fomentar a criação de emprego e o crescimento", principal prioridade para os líderes do G7.

- Ucrânia fecha postos fronteiriços --

A Ucrânia fechou seus postos fronteiriços no leste, que foram atacados na noite de quarta-feira por rebeldes pró-russos, conforme indicaram os guardas da fronteira em um comunicado.

"Após um tiroteio, e em razão da ameaça que pesa sobre a vida de quem cruza a fronteira, os civis e os guardas fronteiriços foram evacuados destes pontos de passagem. Os postos foram totalmente fechados, e a Rússia foi oficialmente informada", comunicaram.

A fronteira entre Rússia e Ucrânia é particularmente sensível desde o início da crise. As potências ocidentais denunciam que a Rússia permite a passagem de combatentes e armas provenientes do Cáucaso. Os separatistas reconheceram que contam com o que respaldo de chechenos.

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