Agência France-Presse
postado em 07/06/2014 17:56
Madri - Sob o lema "Referendo Já", milhares de republicanos protestaram neste sábado na Espanha para exigir uma consulta sobre o fim da monarquia, após a abdicação do Rei Juan Carlos em favor de seu filho Felipe VI.Com as cores vermelha, dourada e roxa da Segunda República Espanhola, proclamada em 1931 e varrida pela ditadura de Francisco Franco na Guerra Civil (1936-1939), os republicanos invadiram o centro de Madri para exigir o fim da monarquia.
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"Esta é a nossa bandeira", "Não há dois sem três, República outra vez", "Juan Carlos acelera, que vem a terceira" - gritavam milhares de pessoas reunidas na emblemática Porta do Sol, em Madri.
Desde que Juan Carlos I, 76 anos, anunciou sua decisão de abdicar, na segunda-feira, uma onda republicana atingiu o país, com milhares de pessoas saindo às ruas.
"Acredito que antes da imposição de um novo rei o povo deve falar", disse Carmen Rodríguez, 55 anos. "Isto não é um "não" a monarquia, mas um "sim" a um referendo", acrescentando que a Espanha aceitou Juan Carlos em 1975 "porque vinha de um ditadura onde havia muita repressão e medo".
Protestos similares ocuparam as ruas de dezenas de cidades espanholas.
Os dois maiores partidos do país - o conservador Partido Popular (no poder) e o Partido Socialista - apoiam a monarquia, mas alguns grupos menores querem aproveitar o debate sobre a lei que regulamentará a abdicação para pedir um referendo.
O líder da coalizão ecologista-comunista Esquerda Unida, Cayo Lara, anunciou neste sábado que pedirá a realização de um referendo no prazo de três meses.
"Oxalá tudo isto sirva para alguma coisa, mas não acredito", declarou Juan Antonio Ruiz, 41, em meio aos gritos de "Viva a República" na manifestação em Madri.
A votação na câmara alta deve ocorrer no dia 18 de junho, com Felipe VI sendo proclamado rei no dia 19.
"Quem votou em Felipe? Quem votou?" - gritavam os manifestantes na Porta do Sol.
"Todos dizem que ele (Felipe) está muito bem preparado (para reinar), mas está a custa de todos aqui, nossos filhos não puderam estudar assim", concluiu Julio Monedero, 69, no protesto em Madri.