Agência France-Presse
postado em 10/06/2014 08:43
Maiduguri - Ao menos vinte jovens mães foram sequestradas no nordeste da Nigéria, perto da cidade onde há quase dois meses homens do grupo islamita armado Boko Haram raptaram mais de 200 estudantes. O número exato de mulheres raptadas ainda não é certo. Este novo sequestro aconteceu no sábado (7/6), em uma comunidade de Garkin, no estado de Borno, onde as estudantes foram sequestradas em meados de abril."Segundo as informações disponíveis, homens armados levaram cerca de 20 mulheres e três rapazes que vigiavam o povoado. Todos os homens do lugarejo estavam pastoreando quando o ataque aconteceu", contou Alhaji Tar, membro de uma milícia de autodefesa local. As informações divergem sobre o número de mulheres raptadas neste acampamento de nômades peuls, uma etnia majoritariamente muçulmana, e nenhum contato foi estabelecido com os sequestradores.
[SAIBAMAIS]Mas uma fonte da Comissão Nacional dos Direitos Humanos declarou que nenhuma criança foi sequestrada e que as mulheres levadas tinham entre 15 e 30 anos de idade. Uma autoridade local da Associação de Criadores de Gado afirmou, por sua parte, que foram 40 mulheres sequestradas. Na região, são comuns os sequestros para pedir resgate, geralmente pagos com animais, mas os habitantes têm medo de comentar detalhes por temer represálias por parte do grupo islamita armado Boko Haram que realiza há cinco anos uma insureição sangrenta na região.
"Não é a primeira vez que mulheres são sequestradas nesta região e são libertadas unicamente quando pagamos o resgate com animais. Eles chegam, invadem casa por casa, obrigam as mulheres a sair e pedem por ela de 30 a 40 vacas por sua libertação", explicou. Os habitantes pagam o resgate, mas não informam às autoridades.
Mercados fechados em Abuja após alerta
Uma autoridade do governo do estado de Borno, que pediu para não ser identificada, afirmou que não estava a par do sequestro de sábado, mas negou estar ciente de sequestros anteriores. "Esta é a primeira vez que ouvimos falar de sequestro de mulheres peuls e estamos tentando estabelecer as circunstâncias deste sequestro e decidir que ações tomar", declarou.
Nem o Exército nigeriano nem a polícia reagiram a este sequestro, mas Mike Omeri, coordenador do Centro Nacional de Informação, indicou que não tinha recebido nenhuma informação sobre os últimos acontecimentos. Desde o sequestro das estudantes em 14 de abril, o Boko Haram tem intensificado suas ações, particularmente no estado de Borno, onde na semana passada o grupo atacou pelo menos quatro aldeias, deixando centenas de mortos.
Na terça-feira, a polícia fechou três grandes mercados de Abuja, após informações de que eles seriam alvos de um ataque do Boko Haram. A rodoviária da periferia da capital foi atingida duas vezes, em abril e maio, por ataques que mataram quase 100 pessoas, e 118 outras pessoas foram mortas em 20 de maio em um ataque contra um movimentado mercado de Jos. O Exército nigeriano, que anunciou saber o local onde estão as estudantes sequestradas, afirmou na segunda-feira que havia impedido os ataques "maciços" em aldeias em Borno e Adamawa, no último fim de semana.