Mundo

Casas católicas são investigadas no caso dos 800 bebês mortos na Irlanda

O governo "decidiu estabelecer uma comissão de investigação com plenos poderes para examinar todas as questões relativas" a esses centros

Agência France-Presse
postado em 10/06/2014 13:28
Dublin - O governo irlandês anunciou nesta quarta-feira (10/6) que investigará os centros católicos que abrigavam mães solteiras e seus filhos, após a revelação de que corpos de quase 800 crianças jazem em uma fossa comum no local onde existia um convento. O ministro da Infância e Juventude, Charlie Flanagan, declarou ser "absolutamente essencial" estabelecer a verdade sobre estas instituições da Igreja conhecidas como lares para "mães e filhos" (Mother and Baby homes), que abrigavam milhares de mães solteiras condenadas pela sociedade ao ostracismo.

O governo "decidiu estabelecer uma comissão de investigação com plenos poderes para examinar todas as questões relativas" a esses centros, acrescentou. As condições destas instituições eram difíceis e muitas das crianças eram dadas à adoção. "Nós temos que investigar as altas taxas de mortalidade" desses lugares. "Nós temos que investigar as práticas funerárias. Temos que considerar outras questões relacionadas com a adoção e suas circunstâncias legais", acrescentou o ministro.

[SAIBAMAIS]Ao investigar os arquivos de um antigo convento de Tuam (oeste da Irlanda), hoje convertido em urbanização, comparando-os com os do cemitério local, a historiadora Catherine Corless descobriu recentemente que uma fossa séptica ao lado do centro religioso contém os restos de 796 crianças, cujas idades iam de poucos dias de vida a 8 anos.



Os registros do convento dizem que as crianças morreram de fome ou de doenças infecciosas, como sarampo ou tuberculose. Estes recém-nascidos provavelmente foram enterrados em segredo por freiras do Convento Santa Maria, administrado por freiras do Bom Socorro. A fossa comum foi descoberta em 1975 pelos vizinhos, que até agora acreditavam que os ossos eram de vítimas da Grande fome irlandesa do século XIX, na qual centenas de milhares de pessoas morreram.

O convento foi derrubado há anos para a construção de casas, mas a área onde a fossa comum estava foi cuidada pelos vizinhos. Entre 1922 e 1996, mais de 10 mil jovens trabalharam praticamente como escravas em lavanderias exploradas comercialmente por religiosas católicas em conventos na Irlanda.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação