O secretário-eral da ONU, Ban Ki-moon, expressou sua preocupação com a ocupação de Mossul, a segunda cidade do Iraque, por parte de grupos jihadistas, que também anunciaram ter assumido o controle dos setores de Kirkuk. Os jihadistas retomaram nesta terça-feira (10/6) o controle dos seis setores da província de Kirkuk, depois de ter assumido por completo o de Nínive, no norte do Iraque, indicou uma fonte da polícia.
Ban também pediu que os líderes políticos se unam ante esta ameaça. Um porta-voz de Washington também alertou para o perigo dos jihadistas. "Os jihadistas do Estado islâmico no Iraque e o Levante (EIIL) representam uma ameaça para a estabilidade do Iraque, e também para toda a região", afirmou a porta-voz do departamento de Estado americano Jennifer Psaki, em um comunicado.
Os insurgentes controlam os setores de Hawija, Zab, Riyadh e Abasi, a oeste da cidade de Kirkuk, e Rashad e Yankaja ao sul, segundo o coronel Ahmed Taha.
Antes do amanhecer, centenas de homens armados lançaram o ataque contra Mossul e conseguiram, após combates com o Exército e a polícia, tomar a sede do governo, as prisões e os canais de televisão. Esta é a primeira vez que os rebeldes tomam o controle de uma província inteira no país.
Depois de assumir o controle de Nínive, que tem população de 3,5 milhões de habitantes, os insurgentes seguem para a província de Salahedin com o objetivo de "invadir", afirmou Nujaifi. Segundo fontes iraquianas, as forças governamentais decidiram fugir da cidade. "Homens do Exército e da polícia tiraram seus uniformes e deixaram seus postos, que estão vazios. Os homens armados libertaram os presos de Mossul", relatou uma autoridade local.
Êxodo de civis
"Todas as unidades militares deixaram Mossul e os habitantes começaram a fugir" em direção ao Curdistão iraquiano, indicou um oficial militar, acrescentando que foi o EIIL, com a ajuda de outros grupos jihadistas, que tomou Nínive. O EIIL reivindicou no Twitter os ataques em Nínive e afirmou ter apreendido as armas dos militares.
O grupo já controla Fallujah e vários setores da província ocidental de Al-Anbar, vizinha de Nínive. Frente a esta ofensiva dos rebeldes, que também mataram 20 pessoas nesta terça-feira em um atentado em Baquba, perto de Bagdá, o governo de Maliki anunciou a criação de "uma célula de crise para supervisionar o voluntariado e distribuir armamento aos cidadãos voluntários" prontos para combates os insurgentes.
"O governo saúda a vontade dos cidadãos e membros das tribos de se apresentar voluntariamente e pegar em armas para defender a pátria e vencer o terrorismo", indicou o governo em um comunicado.
Maliki também anunciou a decisão de "reestruturar e reorganizar" as forças de segurança e reformular os planos de crise.
Além disso, pediu ao Parlamento que "anuncie o estado de emergência".
No terreno, centenas de famílias optaram pelo êxodo, a pé ou de carro. Várias dezenas de carros e caminhões esperavam em frente a um posto de controle na entrada da região de Mossul, bem como famílias a pé carregadas com sacos plásticos.
O governador de Erbil, uma das três províncias do Curdistão, Nuzad Hadi, anunciou que a região abriria um campo para receber os deslocados.