Agência France-Presse
postado em 10/06/2014 20:09
Kiev - O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, ordenou nesta terça-feira (10/6) a criação de corredores humanitários, exigidos por Moscou, em zonas de combate no leste separatista, criando, de acordo com a Alemanha, "uma nova atmosfera" que permite prever uma redução da crise."Vi que todas as partes estavam preparadas para agir por uma desescalada da crise na Ucrânia", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, ao fim de conversas com seus homólogos russo, Serguei Lavrov, e polonês, Radoslaw Sikorski, em São Petersburgo (Rússia).
"Não disse que já encontramos uma saída para a crise, mas a escalada deu lugar a uma nova atmosfera", acrescentou Steinmeier. "Nós vemos o fim do túnel".
Em relação à questão do fornecimento de gás para a Ucrânia, uma nova reunião em Bruxelas entre russos e ucranianos deveria começar na noite desta terça-feira, mas foi adiada para a manhã de quarta. O comissário europeu da Energia, que participa das negociações, prevê que um acordo levará "alguns dias".
A iniciativa do presidente recentemente eleito responde a uma onda de pedidos de Moscou e tranquiliza as organizações humanitárias cada vez mais preocupadas com o uso que Kiev está fazendo dos tanques e ataques aéreos em zonas muito povoadas.
A ONG Human Rights Watch pediu a Kiev que deixasse de utilizar armas pesadas em zonas habitadas e pediu uma revisão das operações que estão sendo realizadas atualmente, especialmente em Slaviansk.
O presidente rebateu as críticas aceitando que a Rússia introduza ajuda humanitária no leste separatista, uma opção que estava evitando até agora, com medo de que os rebeldes utilizem essa via para conseguir armas.
Poroshenko encarregou ao governo que organize o transporte, a alimentação e os cuidados médicos para os civis e que as administrações locais abriguem os refugiados.
A Rússia logo saudou a decisão do presidente ucraniano.
"Soubemos que Poroshenko anunciou a criação de corredores humanitários para quem quiser deixar as regiões de Donetsk e Lugansk. (...) Saudamos esta decisão. Trata-se de um passo na boa direção", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao término do encontro em São Petersburgo.
Aeroporto atacado
Os rebeldes pró-Rússia atacaram nesta terça-feira o aeroporto de Lugansk, leste da Ucrânia, que era controlado até agora pelas forças leais a Kiev.
"Atacaram com morteiros e armas automáticas. Os rebeldes concentraram as forças ao redor do aeroporto. Esperamos reforços", declarou por telefone um paraquedista da unidade de defesa do aeroporto da cidade, que virou um reduto dos separatistas pró-Rússia.
Os insurgentes proclamaram em maio a independência da "República de Donetsk" e da "República de Lugansk" e romperam lanços com Kiev.
As forças da "República de Lugansk", que assumiram o controle na semana passada de vários postos de fronteira com a Rússia, controlam agora a maior parte desta região, que ao lado de Donestk é um dos pulmões industriais da Ucrânia.
O aeroporto internacional de Lugansk está fechado há mais de um mês em consequência da insegurança na região.
O controle dos aeroportos virou uma das principais apostas do conflito armado entre separatistas e as forças ucranianas.
As forças ucranianas recuperaram o controle do aeroporto de Donetsk, atacado pelos rebeldes no fim de maio, após um contra-ataque que teve o apoio de aviões de combate e helicópteros, no qual morreram mais de 40 pessoas entre os separatistas, a maioria de nacionalidade russa.