Agência France-Presse
postado em 11/06/2014 12:39
Bagda - Com a tomada de Mossul e outros territórios adjacentes, os jihadistas estão agora, segundo os analistas, mais perto de seu objetivo principal: estabelecer um Estado islâmico entre a Síria e o Iraque.
Os jihadistas, incluindo o poderoso Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), tomaram o controle nesta terça-feira da cidade de Mossul - segunda maior do Iraque -, toda a província de Nínive e de setores das províncias iraquianas de Kirkuk e Saladino, e prosseguiam com seu avanço para outras cidades.
"A perda da província de Nínive abre um corredor para os islamitas entre a província de Al-Anbar (no oeste do Iraque), Mossul e a fronteira com a Síria, a fim de facilitar a circulação de armas, dinheiro e combatentes entre as frentes de combate", resume John Drake, analista de segurança do Grupo AKE.
Na província iraquiana de Al-Anbar, ao sul de Nínive e na fronteira com a Síria, os grupos islâmicos mantém o controle da cidade de Fallujah e partes de Ramadi. Os jihadistas também têm sob seu controle as regiões do leste da Síria.
"Os grupos armados querem estabelecer um Estado islâmico" que inclua Mossul, as províncias de Saladino, Dijalah e Al-Anbar, do lado iraquiano, e Deir Ezzor e Raqa, do lado sírio, segundo Aziz Jabr, professor de ciência política na Universidade de Mustansiriyah de Bagdá.
"o EIIL sempre procurou controlar e expandir seus territórios a fim de criar um emirado islâmico, em que se possa aplicar a lei [islâmica], instalar campos de treinamento e planejar ataques para manter o impulso", acrescenta Drake.
[SAIBAMAIS]"A guerra civil na Síria deu a estes combatentes uma oportunidade de ocupar esse território. Pelo que temos visto, as sucessivas vitórias incentivaram seus partidários, que perceberam que este é um objetivo ao seu alcance", explica analista AKE.
O EIIL é a mais poderosa facção jihadista no Iraque e uma força fundamental na Síria na guerra contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Em abril, lançou uma campanha na província síria de Deir Ezzor, na fronteira com Nínive, com o objetivo de estabelecer um Estado islâmico.
O grupo afirma estar por trás do ataque a Nínive em mensagens no Twitter, embora a batalha possa ter envolvido outros grupos extremistas.
Michael Knights, do Washington Institute for Near East Policy, disse que os islâmicos "querem ter no Iraque uma área permanente sob seu controle semelhante à de Raqa na Síria", outra cidade que está em suas mãos.
"O objetivo agora é se lançar em operações mais ambiciosas para tomar novos territórios. É uma tática arriscada, que até agora está funcionando. A operação de Mossul e as outras realizadas este mês parecem abrir uma nova ofensiva para o EIIL", explica Knights.
As forças de segurança iraquianas têm sido até agora incapaz de tomar o controle de jihadistas de Fallujah e Ramadi, nas mãos de extremistas desde o início deste ano.
Drake aponta para o "golpe" que supõe as últimas operações para a moral do Exército iraquiano, que, nas palavras de Knights, sofreu uma "calamidade terrível". "Bagdá está aterrorizada, vendo que isso pode acontecer em qualquer lugar", acrescentou Knights.