Agência France-Presse
postado em 11/06/2014 15:59
Barcelona - Em Barcelona, Madri, Londres, Paris e outras cidades europeias, os taxistas protestaram nesta quarta-feira (11/6) contra a concorrência dos chamados "veículos de turismo com condutor" (VTC), em particular da empresa americana Uber, que abalaram seu negócio.
"Nós vivemos do turismo quase o ano todo. E de repente chega esta gente que, sem pagar nenhum tipo de imposto nem ser profissional, tira seu negócio", lamentava Silveri Pérez, taxista de 55 anos, na manifestação de Barcelona, única cidade espanhola onde a Uber opera, segundo seu site.
Embora não tenha sido convocada oficialmente uma greve na cidade, a maioria dos motoristas deixaram seus carros em casa. Alguns grevistas danificaram os táxis de colegas que decidiram trabalhar e feriram um deles, informou a polícia.
Em Madri, o setor organizou uma greve de 24 horas. "Cerca de 100.000 famílias dependem diretamente do táxi" em todo o país, lembraram seus organizadores.
A administração na Espanha se posicionou a favor dos taxistas: o Ministério de Fomento lembrou que os VTC podem receber multas de 4.001 a 6.000 euros, enquanto em Barcelona o governo regional catalão exigiu fim imediato da atividade da Uber e iniciou o processo para impor punições.
O movimento de protesto se originou no Reino Unido, onde os motoristas dos famosos táxis pretos estão preocupados com o espaço cada vez maior ocupado pela Uber, e seus colegas de outros países, também inquietos, os seguiram com uma mobilização em nível europeu.
"A Uber não respeita de forma deliberada as normas em vigor e também dispõe de meios muito importantes", avaliados em 17 bilhões de dólares, resume Serge Metz, presidente da central francesa de rádio-táxi Taxi G7.
A startup americana, fundada em 2009 em San Francisco, lançou um aplicativo para smartphones que coloca em contato particulares e motoristas não profissionais em 70 cidades de 36 países. A companhia cobra uma comissão sobre o preço da corrida.
Cumprir com as regras
Em Londres, milhares de taxistas se reuniram na Trafalgar Square e em seus arredores com seus característicos carros pretos, buzinando e exigindo a renúncia do prefeito conservador, Boris Johnson, a quem acusam de não proteger seus direitos.
"Não queremos proibir a Uber, mas se vierem, têm que cumprir as mesmas regras", disse Steve McNamara, secretário-geral da Associação de Taxistas Registrados em Londres.
Mas a diretora-geral da Uber, Jo Bertram, garantiu que a empresa superou "a análise mais rígida e completa feita até a data pelo Transportes de Londres a um operador de veículos privados".
Os taxistas desta cidade convivem há décadas com os "mini-táxis" particulares nascidos na década de 1960 e regularizados em 1998.
"Não temos problema algum com a concorrência. Estamos há anos competindo com os mini-táxis", mas "não acreditamos que as pessoas que usam estes aplicativos estejam submetidas às mesmas regulações", afirmou Ian Beetlestone, do sindicato RMT.
Para evidenciar esta falta de regulação, em Roma foi organizada uma "greve ao contrário", com os taxistas trabalhando o dia inteiro sem regras e cobrando no máximo 10 euros a corrida, como denunciam que os VTC fazem.
O movimento também afetava outras cidades da Itália, além de Alemanha e França.