Agência France-Presse
postado em 12/06/2014 13:32
Bagdá - A ofensiva esmagadora jihadistas no norte e no oeste do Iraque permitiu que os curdos fortalecessem seu domínio sobre os territórios disputados com o governo central de Bagdá. na terça-feira (12/6), os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) assumiram o controle de toda a província de Nínive e de sua capital Mossul - a segunda maior cidade do Iraque - e de áreas das províncias de Saladino, Diyala e Kirkuk, mais ao sul.As quatro províncias têm territórios que são reivindicados tanto pelo governo federal como pela região autônoma do Curdistão. Esta região é constituída por três províncias que possuem forças de segurança e um governo próprios, mas que são financeiramente dependentes de Bagdá. Com a derrota das forças iraquianas que abandonaram seus postos, os peshmergas (forças curdas) assumiram pela primeira vez o controle da cidade de Kirkuk, rica em petróleo, localizada em uma área que os curdos querem incorporar à sua região, apesar das objeções veementes de Bagdá.
[SAIBAMAIS]"Nós consolidamos o nosso controle sobre Kirkuk e esperamos a ordem para nos deslocarmos para áreas que são controladas pelo EIIL", declarou o general de brigada peshmerga, Shirko Rauf. "Os peshmergas têm o controle da região do Curdistão fora da administração" do governo regional do Curdistão, indicou o secretário-geral do Ministério dos Peshmergas, Jabbar Yawar, referindo-se aos territórios em disputa com Bagdá.
Uma divisão do país?
O governador de Kirkuk, Najm al-Din Karim, informou que os peshmergas haviam preenchido o vácuo deixado pelos soldados iraquianos, que se retiraram de suas posições na província. "As Forças Armadas não estão mais presentes, como aconteceu em Mossul e Saladino", ressaltou Karim. As forças de segurança iraquianas não conseguiram resistir aos jihadistas, e os soldados logo abandonaram seus veículos e suas posições. Para Jabbar Yawar, as forças da ordem federais estão "interessadas apenas no pagamento de seus salários."
Os líderes curdos sempre exigiram a retirada do Exército da província de Kirkuk e se opõem fortemente à criação de um comando militar federal que inclua a região. O jornalista Asos Hardi considerou que a entrada das forças curdas nas zonas militares abandonadas "dá a eles um controle melhor sobre as áreas contestadas". "Mas o que vai acontecer depois? Este é o problema", disse ele.
Ao controlar essas áreas, as forças curdas se colocam diretamente na linha de fogo. Esse risco ficou evidente nesta quinta-feira no ataque contra Jaafar Mustafa, o ministro curdo responsável pelos peshmergas. O ministro sobreviveu ao ataque, que aconteceu a oeste de Kirkuk, mas um combatente peshmerga foi morto. A presença de jihadistas em províncias vizinhas da região autônoma curda também acarreta riscos econômicos.
"O fato de uma grande organização islâmica estar na porta (do Curdistão) será uma grande fonte de preocupação para potenciais investidores e para os moradores locais", observa Drake. Se os jihadistas conseguirem controlar áreas sunitas, "isto vai dividir o Iraque em três partes distintas (curda, sunita e xiita)", segundo Bold. Será "uma situação muito perigosa, não só para os curdos, mas também para todo o Iraque", disse ele.