<div align="justify"><strong>Bagdá-</strong> O primeiro-ministro iraquiano afirmou nesta sexta-feira que as forças de segurança tinham começado a "limpar" algumas cidades dos jihadistas, que avançam em três frentes em direção à Bagdá em uma ofensiva relâmpago. Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, que descartou o envio de tropas terrestres ao Iraque, declarou que analisa "várias opções para apoiar as forças de segurança iraquianas", enquanto uma autoridade americana mencionou um ataque aéreo com aviões não tripulados ("drones").<br /><br />Obama também declarou que "sem esforço político, qualquer ação militar está fadada ao fracasso". "Os Estados Unidos não vão se envolver em uma ação militar na ausência de um plano político dos iraquianos que nos dê alguma garantia de que eles estão dispostos a trabalhar juntos", disse. Os combatentes do grupo radical sunita do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) são conhecidos por seus abusos na Síria, onde também combatem as forças do governo local. <br /><br />Preocupada com os avanços dos extremistas, a ONU alertou para as "informações sobre execuções sumárias e extrajudiciais" no Iraque. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou cerca de 40.000 pessoas fugindo dos combates em Tikrit e Samarra, e de mais de 500.000, em Mossul, a segunda maior cidade do país. O deslocamento em massa de iraquianos suscita preocupações cada vez maiores a respeito de uma longa crise humanitária no país.<br /><br />Posicionados a menos de 100 km da capital, os jihadistas avançam em direção a Bagdá por ruas quase desertas, a partir da província de Al-Anbar, a oeste, de Saladino, ao norte, e de Dijalah, a leste. O abandono de postos pelas forças de segurança diante desta ofensiva lembra "o que aconteceu com o Exército americano quando as forças americanas entraram no Iraque", segundo o ministro das Relações Exteriores.<br /><br />Frente a esta situação, o aiatolá Ali al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque, pediu nesta sexta que todos peguem em armas contra os combatentes do EIIL."Os cidadãos que podem usar armas e combater os terroristas para defender seu país, seu povo e seus locais sagrados, devem ser voluntários e se juntar às forças de segurança para cumprir este objetivo sagrado", declarou em seu sermão semanal o xeque Abdel Mahdi al-Karbalai, nome do aiatolá Sistani.<br /><br />Pouco antes, o governo fez o mesmo apelo à população. Milhares de voluntários já responderam e foram conduzidos nesta sexta para campos de treinamento em Taji, ao norte de Bagdá. De acordo com o aiatolá Ali al-Sistani, "o Iraque enfrenta um grande desafio e um perigo sem precedentes. Os terroristas não querem controlar apenas algumas províncias, eles anunciaram que vão tomar todas as províncias, incluindo Bagdá, Karbala e Najaf. Daí a responsabilidade de enfrentá-los e lutar contra eles".<br /><br />O governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, um xiita detestado pelos rebeldes sunitas e denunciado como um ditador por seus críticos, anunciou a aplicação de um plano de segurança para defender Bagdá, que prevê uma grande mobilização das forças de segurança e um reforço dos serviços de inteligência, e convocou os civis a ajudar a proteger a capital.<br /><br />Abu Bakr al-Baghdadi, líder do EIIL, que quer criar um Estado islâmico, também convocou seus militantes a "marchar em Bagdá, Kerbala e Najaf", as duas cidades santas do Islã xiita. Com a retirada em massa das forças armadas, os milhares de jihadistas tomaram na terça-feira Mossul, a segunda maior cidade do país, e sua província de Nínive (norte). Tikrit e outras regiões da província de Sladino, além de setores das províncias de Dijalah (leste) e Kirkuk (norte) também foram invadidos. Desde janeiro, os rebeldes controlam Fallujah, 60 km a oeste de Bagdá.<br /><br />Após a entrada dos rebeldes em Dijalah, o Exército tentava impedir seu avanço até Baquba, a 60 km de Bagdá, segundo as autoridades. Outras testemunhas falaram da chegada de reforços jihadistas em Samarra (110 km ao norte de Bagdá), o que pode significar um novo ataque a essa cidade. Maliki viajou nesta sexta-feira à Samarra, de maioria sunita, para participar de uma reunião de segurança. Em plena ofensiva jihadista, o Ministério iraquiano das Comunicações ordenou as operadoras telefônicas e aos provedores de internet que bloqueiem o acesso as redes sociais.<br /><br /><br />Inspirado pela rede Al-Qaeda, o EIIL, que atua na fronteira entre o Iraque e a Síria, é acusado de abusos, incluindo sequestros e execuções, na vizinha Síria, país em guerra entre rebeldes e regime. Neste sentido, a alta comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, expressou sua "grande grande preocupação" com "informações sobre execuções sumárias e extrajudiciais (...) e o deslocamento em massa de meio milhão de pessoas" apos a ofensiva jihadista.<br /><br /><a href="#h2href:{"titulo":"Pagina: capa - mundo","link":"","pagina":"134","id_site":"33","modulo":{"schema":"","id_pk":"","icon":"","id_site":"","id_treeapp":"","titulo":"","id_site_origem":"","id_tree_origem":""},"rss":{"schema":"","id_site":""},"opcoes":{"abrir":"_self","largura":"","altura":"","center":"","scroll":"","origem":""}}"><font color="#FF0000">Leia mais notícias em Mundo</font></a><br /><br />A ONU recebeu informações, segundo as quais "soldados iraquianos foram sumariamente executados durante a tomada de Mossul, assim como 17 civis que trabalhavam para a polícia em uma rua da cidade em 11 de junho". Neste contexto, o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, cardeal Leonardo Sandri, manifestou nesta sexta a sua "profunda preocupação" com o avanço dos jihadistas no Iraque e anunciou que as estruturas da Igreja Católica no país estão abertas a todos os deslocados.<br /><br />Em um comunicado, o cardeal argentino expressa o apoio do Papa Francisco ao povo iraquiano e sua "proximidade" com o patriarca caldeu Louis Sako e aos bispos caldeu e sirocatólico de Mossul (norte). Em uma conversa por telefone, o arcebispo caldeu de Mossul, Amel Shamon Nona, disse ao cardeal Sandri que "as igrejas, escolas e outras estruturas católicas estão abertas aos refugiados, no espírito de colaboração entre os seguidores de diferentes religiões".</div>