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Tropas ucranianas retomam controle de porto estratégico no leste

Na quinta, o presidente russo, Vladimir Putin, e Poroshenko conversaram por telefone para discutir um plano com o objetivo de acabar com a crise no leste pró-russo da Ucrânia

Agência France-Presse
postado em 13/06/2014 19:14
Kiev - As tropas ucranianas retomaram nesta sexta-feira o controle do estratégico porto de Mariupol, no leste do país, em sua maior vitória militar contra os rebeldes pró-russos desde que Petro Poroshenko assumiu a presidência. Enquanto isso, a Rússia anunciou nesta sexta que não entrará em negociações com a Ucrânia ou a União Europeia (UE) antes de segunda-feira, data-limite na qual ameaça cortar o fornecimento de gás a Kiev caso as contas pendentes não sejam pagas.

Na quinta, o presidente russo, Vladimir Putin, e Poroshenko conversaram por telefone para discutir um plano com o objetivo de acabar com a crise no leste pró-russo da Ucrânia. Já nesta sexta, após os combates que deixaram quatro feridos, o chefe de Estado ucraniano declarou que, "graças ao heroísmo dos militares ucranianos, a situação foi estabilizada em Mariupol", cidade do sudeste da Ucrânia que possui 500.000 habitantes.

Putin conversou por telefone também com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, sobre a necessidade do fim da operação militar iniciada por Kiev no leste da Ucrânia. Ele também pediu o pagamento da dívida pelo gás fornecido pela Rússia à Ucrânia, informou o Kremlin. Após a conversa com Barroso, o Kremlin indicou que ambos os líderes tinham decidido realizar consultas a três entre "Rússia, UE e Ucrânia" sobre a assinatura do acordo de associação entre UE e Ucrânia prevista para 27 de junho, embora não tenha indicado uma data.

A Comissão Europeia informou em outro comunicado que Barroso está disposto a conversar com Putin a respeito desse acordo de associação, que motivou o início da crise, e pediu que a política em relação à Ucrânia seja mudada. O presidente ucraniano pediu que o governador da região de Donetsk, Serguii Taruta, instale provisoriamente em Mariupol a sede da administração regional.

Atualmente a sede do poder regional em Donetsk está ocupada pelos separatistas pró-Rússia. Para tentar conter o separatismo, Taruta, um oligarca, foi nomeado em março governador de Donetsk com o aval do homem mais rico do país, Rinat Akhmetov, que foi o principal apoio financeiro do partido do deposto presidente pró-russo Viktor Yanukovitch.

Paralelamente, o Ministério da Defesa de Kiev registrou combates intensos na quinta-feira na fronteira com a Rússia, perto das localidades de Snijne e Stepanivka, na região de Donetsk, onde o Exército destruiu um comboio que transportava armas de fabricação russa. Segundo o ministério, os rebeldes perderam dezenas de homens nos combates.

Neste contexto, o governador bilionário de Dnipropetrovsk, no leste da Ucrânia, Igor Kolomoiski, propôs a construção de um muro com arame farpado eletrificado de 2.000 quilômetros ao longo fronteira com a Rússia. A Otan indicou nesta sexta que está preocupada com relatórios que indicam que grupos rebeldes pró-russos compraram armas pesadas na Rússia, incluindo tanques, que já teriam cruzado a fronteira, confirmando assim uma escalada na crise.

"Temos informações que indicam que tanques russos e veículos de artilharia teriam cruzado a fronteira no leste da Ucrânia", afirmou o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen. "A Otan continua pedindo à Rússia que complete a retirada de suas forças militares da fronteira com a Ucrânia, que cesse o envio de armas e combatentes e que exerça sua influência entre os separatistas armados para que deponham as armas e renunciem à violência", acrescentou Rasmussen em um comunicado.

Rússia descarta nova reunião sobre o gás. A Rússia e a Ucrânia travam ainda um duro confronto em torno da chamada "guerra do gás", que poderá ter repercussões no restante da Europa. Nesta quinta, Moscou rejeitou a realização de novas negociações antes de segunda-feira. "No momento não temos prevista nenhuma reunião", disse à AFP a porta-voz do ministério russo da Energia, Olga Golant. Ela acrescentou que os funcionários do governo russo também não preveem conversas telefônicas sobre o tema.

O comissário europeu da Energia, Günther Oettinger, havia anunciado pouco antes que esperava a retomada das negociações entre Ucrânia e Rússia no fim de semana para evitar o corte de fornecimento, que teria consequências em vários países da UE. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, advertiu que o seu governo deve se preparar para um possível corte no fornecimento do gás russo até segunda-feira. Na quinta-feira, a empresa russa Gazprom anunciou que Kiev tem até 06h00 GMT (03h00 de Brasília) de segunda-feira para pagar 1,95 bilhão de dólares em contas pendentes. Em caso contrário, o fornecimento de gás será cortado.



Na quarta-feira, uma reunião em Bruxelas não obteve resultados. A Ucrânia rejeitou a proposta russa de um desconto de 100 dólares, que deixava o preço 1.000 metros cúbicos de gás em US$ 385 dólares, por considerar a oferta uma armadilha de Moscou. O fracasso das negociações mantém a UE em suspense pelo risco de que o fornecimento de gás russo para o bloco, do qual 15% passa pela Ucrânia, seja afetado se Moscou fechar a torneira para Kiev.

A Rússia elevou o preço do gás a 485 dólares os 1.000 m3 em abril, depois que os ativistas pró-Ocidente forçaram a saída do presidente pró-Moscou Viktor Yanukovytch e tomaram o poder em Kiev.

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