Buenos Aires - A Argentina, que indenizou a petrolífera espanhola Repsol após ter nacionalizado sua filial YPF, volta a ser um terreno favorável para os investimentos, afirmou nesta sexta-feira o vice-presidente da Comissão Europeia, Antonio Tajani.
A expropiação em 2012 da petrolífera YPF esfriou a relação com os europeus e colocou em dúvida a segurança dos investimentos na terceira economia da América do Sul.
"A Repsol é passado, depois do acerto (com a empresa espanhola), após o acordo com o Clube de Paris, a situação é muito positiva. As empresas europeias tinham medo de fazer negócios na Argentina, agora não têm mais medo, por isso estamos aqui", declarou Tajani, que também é comissário europeu para a Indústria.
Em maio, a Argentina fechou primeiro um acerto com a Repsol, ao entregar à empresa bônus de mais de 5 bilhões de dólares, que a companhia espanhola vendeu imediatamente. Depois, chegou a um acordo com o Clube de Paris para liquidar atrasos de sua dívida pelo valor de 9,7 bilhões de dólares e retomar os pagamentos.
"Para nós, houve uma mudança da política. Nossa presença (em Buenos Aires) é uma resposta a essa mudança", destacou Tajani em uma conversa com jornalistas em Buenos Aires.
Uma delegação de altos funcionários e empresários europeus conduzida por Tajani visita a América Latina nesta semana. Depois de Panamá e Argentina, continuará sua missão no Paraguai.
A União Europeia e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) negociam há anos um acordo comercial, que está bloqueado devido a desacordos no interior do bloco sul-americano, em particular com o governo argentino.
"Vamos fazer o acordo, quando o Mercosul fizer uma proposta", disse o funcionário europeu.
A União Europeia é a primeira investidora estrangeira e o segundo parceiro comercial da Argentina.
Após ter se mostrado desafiadora a instituições financeiras internacionais e ao ambiente de negócios, a Argentina baixou o tom pelo desejo de voltar a pegar empréstimos nos mercados de capitais.
Os recentes acordos com a Repsol e com o Clube de Paris, a desvalorização do peso argentino em janeiro, a divulgação de estatísticas econômicas verossímeis a pedido do FMI e medidas direcionadas para a redução do déficit orçamentário, como a diminuição dos subsídios, são considerados sinais positivos por potenciais investidores.