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Apesar das ameaças dos talibãs, afegãos escolhem novo presidente

As eleições para escolha do sucessor de Hamid Karzai acontecerão neste sábado

Agência France-Presse
postado em 14/06/2014 08:45
Cabul - Sob a ameaça de ataques do Talibã, os afegãos elegem neste sábado no segundo turno da eleição presidencial o sucessor de Hamid Karzai, que deverá conduzir o país para uma nova era após a retirada das tropas da Otan no final do ano.

Os 6.000 locais de votação abriram às 07H00 local deste sábado (23H30 Brasília) para definir o que será a primeira transferência de poder entre dois presidentes democraticamente eleitos.

A votação é considerada um teste para o país, em parte controlado pelo Talibã, que mais de 12 anos de intervenção militar ocidental não conseguiu eliminar. O candidato favorito é Abdullah Abdullah, de 53 anos, que obteve quase 50% dos votos no primeiro turno, e agora enfrentará o ex-economista do Banco Mundial Ashraf Ghani, de 65 anos e que recebeu 31,6% dos votos.

[SAIBAMAIS]Em Cabul, um importante dispositivo de segurança ocupava as ruas da capital, como parte de um esquema que envolve 400 mil soldados e policiais em todo o país.

Contrários às eleições, que consideram manipuladas por Washington, os talibãs instaram seus combatentes a "brigar sem trégua" neste sábado e alertaram os eleitores para o risco de ataques.

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Ao meio-dia, os rebeldes afirmaram ter realizado 246 operações em todo o país. No entanto, os insurgentes têm o hábito de aumentar o número real de ataques, e as eleições têm se desenrolado sem maiores incidentes.

O incidente mais grave ocorreu em Logar, uma província ao sul de Cabul, onde duas pessoas foram mortas pelo Talibã, de acordo com chefe da polícia local, Abdul Wali Tufan.

Em Cabul, foguetes foram lançados em uma área próxima do aeroporto, antes da abertura dos locais de votação. De acordo com a Otan, ninguém ficou ferido no ataque.

Os insurgentes lançaram as mesmas ameaças no primeiro turno, em 5 de abril. Mas, apesar dos numerosos ataques, mais de 50% dos eleitores compareceram às urnas.

Como no primeiro turno, a violência desencadeada pelos insurgentes, aparentemente, não desencoraja os eleitores. "Eu ouvi algumas explosões na cidade, mas não temos medo. Ele não vão nos impedir de votar para decidir o futuro do país", disse Ahmad Jawid, um eleitor de 32 anos.

Estas eleições representam o fim da era Karzai, o único que governou o Afeganistão desde a queda do regime talibã em 2001, derrubado por uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro.

O presidente votou no início da manhã em uma escola nas proximidades do palácio presidencial. "Votem! Espero que todos votem", disse Karzai aos afegãos. Abdullah Abdullah, que no primeiro turno ficou 13 pontos à frente de seu principal rival, parece ter a vitória nas mãos. Em 2009, Abdullah Abdullah se retirou do segundo turno contra Karzai, alegando fraudes organizadas pelo presidente. Abdullah, vítima de um ataque do qual saiu ileso na semana passada, alertou que apenas fraudes poderiam impedir sua vitória.

Os resultados provisórios do segundo turno, que acontece dois meses após o primeiro, serão anunciados em 2 de julho e os resultados finais no dia 22 do mesmo mês.

O próximo presidente afegão assumirá o cargo em 2 de agosto e o primeiro problema a ser resolvido será a assinatura de um tratado de segurança bilateral (BSA) com os Estados Unidos para permitir a permanência de tropas americanas no país.

Karzai se recusou a assinar o acordo, dizendo que esta responsabilidade correspondia ao novo presidente. Tanto Ashraf Ghani quanto Abdullah asseguraram durante a campanha que assinariam o acordo com os Estados Unidos.

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