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Condenado à morte agonizou 43 minutos após injeção letal, revela necropsia

Procedimento, resultado de uma combinação inédita de substâncias, falhou, pois deveria ter sido concluído em apenas 10 minutos

Agência France-Presse
postado em 14/06/2014 08:52
Washington - Uma necropsia independente para determinar as causas da falha em uma injeção letal demonstrou que a equipe médica falhou várias vezes ao tentar realizar uma intravenosa e terminou por afetar uma veia, segundo um relatório preliminar. Clayton Lockett, condenado a morte por assassinato e estupro, foi executado em 29 de abril com uma combinação inédita de três substâncias em um processo que terminou em agonia e levou 43 minutos, ao invés de menos de 10 como esperado.

As autoridades destacaram que Lockett morreu vitimado por um ataque cardíaco. Mas após um exame independente, o médico legista Joseph Cohen afirmou que era impossível confirmar o vínculo entre o ataque cardíaco e a morte de Lockett.

Cohen observou as contusões e perfurações nos braços, pernas e perto da artéria femoral, que indicavam muitas tentativas de administrar um coquetel letal por via intravenosa. Os médicos também observaram "feridas vasculares" que sugerem que a via para realizar a injeção terminou por afetar a veia.

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[SAIBAMAIS]As autoridades também mencionaram desde o início que houve uma "falha vascular" durante a execução e que, apesar da administração das três substâncias, estas "não entraram no sistema".

Mas o corpo de Lockett mostrava "uma excelente integridade de veias periféricas e profundas para obter um acesso às veias", disse Cohen.

A especialista em injeções letais e professora de Direito na Universidade Fordham, Deborah Denno, chamou a equipe responsável pela execução de "extraordinariamente incompetente".

"Este tipo de incompetência por parte das equipes de execução existiu durante décadas e, por isto, devemos suspender o sigilo sobre as execuções", denunciou.

A advogada Megan McCracken, do curso de pena capital da Universidade de Berkeley, disse que o coquetel administrado "exacerbou a dor e o sofrimento que Lockett teve que suportar e o paralisou de maneira desnecessária".

"Além disso, o estado não tinha nenhum plano de contingência para o caso da execução não funcionar como planejado, como foi claramente o caso", completou.

A polêmica execução de Lockett levou as autoridades de Oklahoma a suspender de forma temporária as execuções e revisar os protocolos das injeções letais, ante as fortes críticas dos ativistas dos direitos humanos e dos grupos de oposição à pena de morte.

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