Agência France-Presse
postado em 14/06/2014 20:48
Kiev - O avião militar ucraniano de transporte de tropas IL-76 foi derrubado neste sábado por separatistas pró-Rússia, em um ataque que provocou 49 mortes e aumentou a tensão regional, após os primeiros contatos diretos entre Kiev e Moscou para uma desescalada.O ataque, perto do aeroporto de Lugansk, foi o mais letal desde o lançamento em abril de uma operação militar ucraniana no leste separatista e provocou reações internacionais e protestos no país.
Um porta-voz dos insurgentes em Lugansk, uma cidade de 500.000 habitantes perto da fronteira com a Rússia, assumiu a autoria do ataque cometido na "zona do aeroporto".
[SAIBAMAIS]Em Kiev, uma manifestação de cerca de 300 pessoas terminou com o lançamento de um coquetel molotov na embaixada russa, de onde antes já haviam retirado a bandeira da Rússia, virado os carros diplomáticos. Ovos também foram jogados contra a missão de Moscou.
Os bombeiros controlaram rapidamente as chamas causadas pelo coquetel na parede da embaixada e jogaram espuma nos veículos atacados para impedir que pegassem fogo.
Os ministros do Interior e das Relações Exteriores foram ao local para tentar acalmar os ânimos.
O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu "uma resposta adequada" aos separatistas do leste do país após o ataque à aeronave do Exército.
"Aqueles que estão envolvidos nesse ato terrorista serão punidos. A Ucrânia precisa de paz, mas os terroristas receberão uma resposta adequada", garantiu o presidente em um comunicado, no qual decretou o domingo dia de luto nacional.
"Os terroristas dispararam cinicamente e à traição com uma metralhadora de grosso calibre e atingiram um avião IL-76 do Exército ucraniano que transportava tropas e estava prestes a pousar no aeroporto de Lugansk", informou o Ministério da Defesa, referindo-se a disparos "de artilharia pesada".
Já Moscou denunciou a "inação" das autoridades ucranianas, após a retirada da bandeira da embaixada russa em Kiev, por parte de manifestantes ucranianos.
"A Rússia está extremamente indignada com as ações provocadoras" e com a "profanação da bandeira russa", declarou o Ministério russo das Relações Exteriores, em nota divulgada neste sábado.
"As forças da ordem não fizeram nada para proteger a embaixada, o que constitui uma violação grosseira dos compromissos internacionais da Ucrânia", protestou a Chancelaria russa.
Reações
O governo americano também condenou o ataque e pediu a Kiev que respeite a Convenção de Viena, que obriga a garantir a segurança dos edifícios diplomáticos.
"Os Estados Unidos condenam o ataque à embaixada russa em Kiev e convocam as autoridades ucranianas a cumprirem suas obrigações da Convenção de Viena para proporcionar a segurança adequada", disse a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jennifer Psaki.
Ainda neste sábado, o chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu ao secretário de Estado americano, John Kerry, que use "sua influência" para que a Ucrânia interrompa sua operação militar contra os separatistas pró-Moscou no leste do país.
O presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, manifestaram, por sua vez, sua "grave preocupação" com "os persistentes combates na Ucrânia", em uma conversa por telefone com o líder russo, Vladimir Putin - relatou a presidência francesa.
No terreno, os combates continuavam neste sábado em várias cidades do leste, entre elas, Mariupol, retomada na véspera pelo Exército ucraniano e onde cinco agentes ucranianos da fronteira morreram em um ataque separatista com lança-mísseis.
Em Lugansk, fortes explosões foram registradas na madrugada deste sábado, constatou a AFP. Aviões e helicópteros do Exército ucraniano lançavam à noite ataques contra os pontos de controle armados pelos separatistas.
Duas pessoas morreram em Gorlivka, na região de Donetsk, em confrontos também na madrugada de sábado, de acordo com as autoridades locais.