Agência France-Presse
postado em 16/06/2014 10:53
Londres - As declarações de Tony Blair afirmando que o que está ocorrendo no Iraque não tem nada a ver com a invasão de 2003 provocaram nesta segunda-feira (16/6) uma chuva de críticas, e levaram o prefeito de Londres a acusá-lo de ter enlouquecido. Blair foi o principal aliado do presidente dos Estados Unidos George W. Bush na invasão do Iraque em 2003, argumentando que o regime de Saddam Hussein estava construindo armas de destruição em massa que nunca foram encontradas."Ainda que Saddam Hussein tivesse ficado no poder em 2003, em 2011 teriam explodido as revoluções árabes em Tunísia, Líbia, Iêmen, Bahrein, Egito e Síria, e de toda forma teríamos nos deparado com um grande problema em Iraque e na Síria", declarou o ex-primeiro-ministro trabalhista à BBC. "Pode-se ver o que acontece quando se deixa os ditadores no cargo, como ocorre com (o presidente sírio Bashar) al-Assad atualmente", acrescentou Blair, que é o enviado especial ao Oriente Médio do Quarteto Diplomático - ONU, União Europeia, Estados Unidos e Rússia.
[SAIBAMAIS]"Cheguei à conclusão de que Tony Blair enlouqueceu", escreveu o prefeito de Londres, Boris Johnson, em sua coluna semanal no Daily Telegraph nesta segunda-feira (16). "Precisa de ajuda psiquiátrica profissional", insistiu o prefeito conservador, porque suas declarações "estão muito distantes da realidade".
"A guerra no Iraque foi um erro trágico", declarou Johnson, acusando Blair e Bush de uma arrogância incrível por acreditar que a deposição de Hussein não ia desencadear um período de instabilidade que terminou com a morte de mais de 100 mil iraquianos e de milhares de soldados americanos e britânicos. Blair também foi criticado pelos trabalhistas.
"Não estava de acordo com Tony na época e não estou agora", declarou John Prescott, que foi seu vice-primeiro-ministro. Tony Blair "estava total e absolutamente equivocado, e continua estando equivocado", afirmou Clare Short, ex-ministra de Desenvolvimento Internacional, que renunciou em 2003 pela aventura iraquiana. O secretário de Estado de Relações Exteriores da época, Mark Malloch-Brown, pediu a Tony Blair que fique calado.