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Estados Unidos pedem uma estratégia mundial para salvar os oceanos

Presidente de Kiribati, anunciou por sua vez que toda pesca comercial será proibida desde janeiro de 2015 na área protegida das ilhas Fénix, apesar das consequências negativas que possa ter sobre a economia

Agência France-Presse
postado em 16/06/2014 16:04
Washington - O secretário de Estado americano, John Kerry, fez uma forte advertência sobre os riscos que os oceanos enfrentam e pediu o desenvolvimento de uma estratégia global para salvá-los. "Vamos desenvolver um plano para combater a pesca abusiva, as mudanças climáticas e a contaminação", disse Kerry ao abrir uma conferência de dois dias sobre o tema no Departamento de Estado, da qual participaram chefes de governo e ministros de 80 países, assim como cientistas e líderes industriais.

"A administração do nosso oceano não é uma questão de uma pessoa... É um requisito universal", insistiu Kerry. "Como seres humanos, não há nada que compartilhemos tão completamente quanto o oceano que cobre cerca de três quartos do nosso planeta", acrescentou o chefe da diplomacia americana. "Cada um de nós tem a responsabilidade compartilhada de protegê-lo", sentenciou.

O presidente de Kiribati, Anote Tong, anunciou por sua vez que toda pesca comercial será proibida desde janeiro de 2015 na área protegida das ilhas Fénix, apesar das consequências negativas que possa ter sobre a economia. "Fazer frente aos desafios das mudanças climáticas supõe um compromisso muito sério e um sacrifício", disse Tong. "As perdas de renda projetadas pesaram muito na nossa consideração, mas na análise final tomamos a decisão de continuar com estratégias sustentáveis efetivas", acrescentou.

Defensores do meio ambiente sustentaram que as ilhas Fênix dão refúgio a espécies como atuns altamente migratórios e tartarugas, assim como peixes de recife e tubarões. Kiribati está dentro do grupo de estados insulares - que inclui Tuvalu, Tokelau e as Maldivas - que a comissão de direitos humanos da ONU teme que possam ficar "apátridas" por causa das mudanças climáticas.

Kerry advertiu que já existem 500 "zonas mortas" em todo o mundo, onde a vida marinha não pode ser preservada e que um terço das reservas de pescado em nível mundial estão "super-exploradas". Em todo o resto, segundo o secretário, pesca-se perto do "máximo nível sustentável". Se o panorama não mudar, "uma parte significativa da vida marinha pode morrer", sentenciou.

Um tema de segurança vital

Ao abrir a conferência, Kerry advertiu: "Não se deve cometer equívocos, a proteção dos nossos oceanos é um tema de segurança vital". O funcionário insistiu em que o enfoque com que o problema se enfrenta hoje, "com cada nação e comunidade levando adiante sua própria política independente, simplesmente não bastará". "Assim não é como funciona o oceano", reforçou.

"Não vamos fazer frente a este desafio a menos que a comunidade de nações se reúna em torno de uma estratégia integral, global dos oceanos", acrescentou. No âmbito da conferência, o diplomata ressaltou a importância dos oceanos para os 6 bilhões de pessoas que habitam o planeta. "O oceano hoje provê o sustento de até 12% da população mundial. Também é essencial para manter o meio ambiente em que todos vivemos", disse.



Proteger os oceanos também é vital para a segurança alimentar, destacou Kerry, apontando que uns 3 bilhões de pessoas "dependem do pescado como fonte de proteínas significativa". Kerry pediu para que seja elaborado um plano de ações concretas para enfrentar as diferentes ameaças aos oceanos e disse que o presidente, Barack Obama, fará um anúncio sobre a extensão das áreas de conservação marinha.

Os defensores do meio ambiente já identificaram três áreas - as remotas ilhas havaianas do noroeste, as ilhas Marianas e os atóis do Pacífico -, onde os parques marinhos existentes, alguns dos quais remontam ao século XX, poderiam ser amplamente expandidos. Kerry, além disso, insistiu em que os Estados Unidos já tomaram medidas para proteger o meio ambiente marinho e teve êxito na reconstrução de muitas de suas populações esgotadas de peixes.

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