Agência France-Presse
postado em 17/06/2014 20:01
Tóquio - O operador da usina nuclear de Fukushima, no Japão, anunciou nesta terça-feira (17/6) que está enfrentando problemas com os primeiros estágios de um muro de gelo que está construindo debaixo dos reatores danificados da central para conter o vazamento de água radioativa.A companhia Tokyo Electric Power (TEPCO) começou a cavar as trincheiras para instalar uma enorme rede de dutos debaixo da usina, através dos quais planeja fazer passar uma substância refrigerante que congelará o solo, formando uma barreira física a fim de evitar que a água limpa que flui das montanhas se misture à água contaminada debaixo dos reatores danificados.
A TEPCO informou nesta terça que estava tendo dificuldades com um muro de gelo menor e interno, cujos dutos instalou mais cedo para conter a água já contaminada.
"Ainda precisamos formar a barreira de gelo porque não podemos baixar a temperatura o suficiente para congelar a água", informou um porta-voz da TEPCO.
"Estamos atrasados no cronograma, mas já tomamos medidas adicionais, inclusive com a instalação de mais dutos, de forma que possamos remover a água contaminada da trincheira a partir do mês que vem", prosseguiu.
O líquido refrigerante usado na operação é uma solução aquosa de cloreto de cálcio, que é resfriada a 30 graus Celsius negativos.
A ideia de congelar uma parte do solo, proposta para Fukushima no ano passado, já foi usada anteriormente na construção de túneis perto de cursos d;água.
No entanto, cientistas argumentam que isto não foi feito nem nesta escala, nem no intervalo de tempo proposto.
Lidar com a enorme - e crescente - quantidade de água na usina danificada por um tsunami, em 2011, tem se revelado um dos maiores desafios da TEPCO, que tenta arrumar a casa depois do pior acidente nuclear em uma geração, após o qual três reatores se fundiram.
Além da água necessária para manter os reatores danificados resfriados, a usina também precisa lidar com a água que abre caminho em cursos d;água subterrâneos que fluem das montanhas para o mar.
A descontaminação completa da usina de Fukushima deve levar décadas. Uma área em volta da usina permanece com acesso proibido e especialistas alertam que alguns assentamentos devem precisar ser abandonados devido aos altos níveis de radiação.