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Premiê iraquiano Nuri al-Maliki promete acabar com a ofensiva jihadista

Al-Maliki é um xiita odiado pelos insurgentes sunitas e de forma mais geral pela minoria sunita no Iraque

Agência France-Presse
postado em 18/06/2014 12:47
Kiruk - O primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki prometeu nesta quarta-feira derrotar os jihadistas que assumiram o poder em apenas dez dias de grandes partes do Iraque e que se aproximam de Bagdá.

Al-Maliki, um xiita odiado pelos insurgentes sunitas e de forma mais geral pela minoria sunita no Iraque, declarou que suas forças enfrentam os rebeldes, após as derrotas nos primeiros dias da ofensiva jihadista lançada em 9 de junho

Nesta quarta-feira, o porta-voz das forças de segurança garantiu que libertará a estratégica cidade xiita de Tal Afar (noroeste), em parte controlada pelos insurgentes.

O exército iraquiano tentará "libertar toda a cidade antes do amanhecer de quinta-feira", declarou, acrescentando que as tropas seguirão para leste, em direção a Mossul, a segunda maior cidade do país, controlada pelos jihadistas.

No exterior, a Arábia Saudita advertiu para o risco de uma guerra civil, enquanto o Irã afirmou que fará tudo para proteger os lugares santos do islã xiita no Iraque.



"Nós vamos combater o terrorismo e derrotar a conspiração", assegurou em um discurso televisionado Maliki, no poder desde 2006.

"Um revés não é uma derrota", acrescentou, assegurando que as forças armadas tinham retomado a iniciativa, conseguido parar a escalada e atingir os jihadistas da Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL).

O governo Maliki é marcado por divisões sectárias entre xiitas e sunitas e enfrenta há mais de um ano uma onda de violência alimentada pelo descontentamento da minoria sunita, que se sente marginalizada, e da guerra na vizinha Síria, onde o EIIL também é ativo.

Na terça-feira, o premiê afastou altos comandantes acusados de fugirem do campo de batalha no início da ofensiva.

As forças rebeldes lideradas pelos jihadistas do EIIL e apoiadas por partidários do e-presidente sunita Saddam Hussein, tomaram na semana passada a cidade de Mossul e grande parte de sua província Nínive, assim como Trikit e partes das províncias de Saladino, Diyala (leste) e Kirkuk (norte).

Impacto limitado no mercado petrolífero

No terreno, os combatentes jihadistas atacaram na madrugada desta quarta-feira a principal refinaria de petróleo do Iraque, ao norte de Bagdá, e os combates prosseguem, segundo funcionários da instalação.

Os rebeldes conseguiram entrar na refinaria de Baiji, na província de Saladino, e as forças de segurança tentam provocar o recuo dos insurgentes.

Alguns depósitos da refinaria, que fica 200 km ao norte de Bagdá, foram incendiados.

Até o momento, as autoridades do setor petrolífero consideravam "limitados" os impactos da violência na produção de petróleo do Iraque, segundo maior exportador da Opep.

"O ataque contra a principal refinaria de Baiji pode significar uma fonte de petróleo para o EIIL, mas o impacto do ataque é provavelmente menor do que acreditamos", considera Rebecca O;Keeffe, analista da Interactive Investor.

Antes do anúncio deste ataque, os preços do petróleo estavam instáveis na Ásia. Além dos campos do Curdistão (norte), controlados pelas autoridades locais, a maioria da produção de petróleo do Iraque está localizado no sul, longe da ofensiva.

Risco de guerra civil

No norte do Iraque, os jihadistas tomaram três novas cidades, e no oeste o exército tenta retomar a cidade de Tal Afar, após repelir com sucesso os insurgentes de Baquba (60 km a nordeste de Bagdá).

Na província de Nínive, quarenta indianos que trabalhavam na construção civil foram sequestrados na região de Mossul, onde 80 cidadãos turcos continuam reféns dos jihadistas desde a semana passada.

Depois de acusar Maliki de conduzir o Iraque à beira do caos com sua política de exclusão dos sunitas, a monarquia sunita da Arábia Saudita considerou que a situação no Iraque "carrega as premissas de uma guerra civil que afetaria a região". No dia anterior, Maliki acusou Riad de apoiar os extremistas.

Para os especialistas, o que tem acontecido atualmente tem suas origens na invasão dos Estados Unido em 2003 que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein, mas também na política religiosa de al-Maliki.

"Os americanos desmantelaram as instituições, mas Maliki entrará para a história como alguém que perdeu as rédeas do Iraque", assegurou uma dessas analistas, Ruba Husari.

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